Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu às nações que desferissem um golpe contra os negacionistas que atrapalham a luta contra o aquecimento global, no início das negociações climáticas da ONU, nesta segunda-feira (10).
O apelo de Lula surgiu no início da conferência da COP30, cujo foco é intensificar os esforços para conter a poluição que aquece o planeta, preservar as florestas e fazer a transição para combustíveis com menores emissões.
“A COP30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo”, disse Lula aos delegados na cúpula de duas semanas.
“Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades”, afirmou. “É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas.”
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As deliberações estavam previstas para começar de fato na tarde de segunda-feira na cidade amazônica de Belém, depois que os líderes da conferência resolveram divergências sobre o que deveria estar em pauta nas negociações.
Surgiram divergências devido à pressão de pequenos estados insulares que queriam discutir uma resposta à última rodada de compromissos de redução de emissões dos países, enquanto a Arábia Saudita, a Índia e outras nações queriam que a agenda incluísse as chamadas medidas comerciais unilaterais — uma referência pouco velada à taxa da União Europeia sobre importações com alta emissão de poluentes.
A presidência brasileira, anfitriã da cúpula, resolveu a disputa sobre a agenda adiando-a. Após omitir os itens propostos e concordar com consultas presidenciais separadas sobre os temas, a conferência adotou uma agenda formal na manhã desta segunda-feira, sem debates públicos acalorados.
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, prometeu convocar os delegados para uma atualização sobre o processo dessas consultas na quarta-feira (12) — o que pode abrir caminho para uma declaração abrangente que inclua algumas das questões ao final da cúpula.
A cúpula acontece 10 anos depois do Acordo de Paris, que inaugurou uma era de grandes ambições e planos para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Mas os compromissos formais dos países no âmbito do acordo estão muito aquém do necessário e colocam o mundo em rota de colisão com essa meta.
“Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado a um aquecimento catastrófico de quase cinco graus até o fim do século”, disse Lula nesta segunda-feira. Agora, o mundo está caminhando na direção certa, acrescentou, mas “na velocidade errada”.
Uma nova avaliação da ONU divulgada nesta segunda-feira mostrou que, se cumpridos, os compromissos das nações em relação ao Acordo de Paris — incluindo quase duas dezenas que foram submetidos recentemente — impulsionariam uma redução de 12% nas emissões de gases de efeito estufa em 2035, em comparação com os níveis de 2019.
“A curva de emissões está sendo revertida para baixo”, proclamou Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
As novas estimativas são “muito importantes”, acrescentou, já que “cada fração de grau de aquecimento evitada salvará milhões de vidas e bilhões de dólares em prejuízos econômicos”.
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