EUA avaliam participar da COP30 para ter ‘diálogo honesto’, diz secretário de Energia

Em entrevista à Bloomberg News, o secretário de Energia, Chris Wright, diz que não se oporia a participar da cúpula climática em Belém desde que ‘tivesse um público e uma plataforma’ para dialogar com demais países; Trump retirou os EUA do Acordo de Paris em janeiro

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Bloomberg — Os Estados Unidos ainda consideram a possibilidade de participar da COP30 no Brasil, a fim de manter um “diálogo honesto” sobre a viabilidade da transição verde do mundo, de acordo com o secretário de Energia, Chris Wright.

Um dos primeiros atos de Donald Trump no início de seu segundo mandato como presidente foi assinar uma ordem executiva retirando os Estados Unidos do histórico Acordo de Paris, que compromete os países a manter o aquecimento global abaixo de 2ºC e, idealmente, 1,5ºC.

No entanto, o processo leva um ano, o que significa que o país ainda pode participar das negociações na próxima cúpula climática das Nações Unidas, que será realizada em Belém, em novembro.

“Eu não me oporia de forma alguma a ir, se tivesse um público e uma plataforma para me envolver com o mundo”, disse Wright em uma entrevista à Bloomberg News em Bruxelas.

“A mudança climática é uma coisa real. Eis como achamos que podemos progredir em relação a ela. Aqui estão as compensações que estão envolvidas. Se eu tivesse uma ótima plataforma para fazer isso, acho que eu iria”, completou.

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Os comentários de Wright marcam um dos sinais mais claros de que os Estados Unidos ainda podem enviar uma delegação de nível federal para as negociações sobre o clima, mesmo quando estão mais perto de abandonar completamente o processo.

Países progressistas e ativistas temem que essa medida possa resultar na obstrução dos esforços dos Estados Unidos para fechar um acordo ambicioso na cúpula.

Isso também ocorre em meio a tensões entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e Trump sobre a condenação de Jair Bolsonaro por conspirar para permanecer no poder após sua derrota nas eleições de 2022. Trump impôs tarifas de 50% sobre muitos dos produtos do Brasil.

A cúpula COP30 é o maior evento climático do ano, e o Brasil tem pressionado para que todos os países apresentem planos climáticos atualizados, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, mostrando suas promessas de corte de emissões para 2035.

O governo Biden prometeu reduzir a poluição que aquece o planeta em pelo menos 61%, uma meta que está em desacordo com a promessa de Trump de aumentar a produção de combustíveis fósseis e reverter a regulamentação climática.

Wright disse que os negociadores de acordos climáticos anteriores têm uma “visão irracional” do aquecimento global e adotaram uma “abordagem autoritária” para reduzir as emissões.

As cúpulas da COP adotaram metas com base em um consenso entre todos os países, sendo que qualquer país pode bloquear um acordo - o que os Estados Unidos fizeram em muitas ocasiões durante o processo de negociação.

Desde 1997, o Senado dos Estados Unidos impede que seu presidente assine um tratado internacional com metas legalmente obrigatórias de redução de gases de efeito estufa.

Wright ressaltou que a quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera continuou a aumentar desde o início das COPs, há três décadas.

“Quero ter, como o presidente Trump quer ter, um diálogo honesto sobre as mudanças climáticas”, disse Wright. Ele acrescentou que participaria da Semana do Clima de Nova York no final deste mês.

-- Com a colaboração de Suzanne Lynch e Akshat Rathi.

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