Doadores globais destinam US$ 300 mi para enfrentar impactos do clima na saúde

Fundação Rockefeller, Fundação Gates, Wellcome Trust e Bloomberg Philanthropies estão entre as oito organizações que fazem parte do projeto; para o grupo, aquecimento global exige nova abordagem

Calor
Por Emma Court
13 de Novembro, 2025 | 04:42 PM

Bloomberg — Algumas das maiores fundações filantrópicas do mundo estão comprometendo US$ 300 milhões nos próximos três anos para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde humana.

A Fundação Rockefeller, a Fundação Gates, o Wellcome Trust e a Bloomberg Philanthropies estão entre as oito organizações que prometeram recursos para a iniciativa chamada Climate and Health Funders Coalition.

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Espera-se que outras entidades do grupo mais amplo, que reúne cerca de 35 organizações, façam novas contribuições ao longo do tempo.

(A Bloomberg Philanthropies é a organização filantrópica de Michael Bloomberg, fundador e principal acionista da Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News.)

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O esforço faz parte de uma nova abordagem voltada a fortalecer as defesas da humanidade contra as consequências crescentes de um planeta mais quente.

Segundo o relatório anual sobre clima e saúde da revista médica The Lancet, o calor extremo, que tem se intensificado, já mata quase uma pessoa por minuto.

Tempestades e incêndios florestais também causam graves danos à saúde pública — incluindo o impacto do furacão Melissa, intensificado pelas mudanças climáticas, sobre a Jamaica e outras nações do Caribe.

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“Tem havido uma crescente e dura constatação de como o clima tem afetado a saúde e de como nossos sistemas estão lamentavelmente despreparados”, disse Estelle Willie, diretora de políticas de saúde da Fundação Rockefeller e integrante da equipe de criação da coalizão. “Diante do que está acontecendo com a saúde das pessoas por causa das mudanças climáticas, é realmente necessário um novo plano de ação.”

No mês passado, Bill Gates afirmou que “é hora de colocar o bem-estar humano no centro das estratégias climáticas”. Sua fundação se comprometeu a destinar US$ 1,4 bilhão para ajudar pequenos agricultores a se adaptarem às mudanças climáticas e aumentarem sua produtividade.

Nesta semana, durante a COP30, no Brasil, os delegados discutirão o Plano de Ação em Saúde de Belém, um novo marco que propõe a coleta de indicadores de saúde relacionados ao clima, como mortes causadas por calor extremo.

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“A saúde é a razão mais convincente para agir diante das mudanças climáticas, mas, por muito tempo, ela foi apenas uma nota de rodapé nas negociações”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, em entrevista coletiva na quarta-feira.

“É muito mais fácil convencer as pessoas sobre a urgência de proteger a própria saúde ou a de seus filhos do que a de geleiras ou ecossistemas. Ambos são importantes — mas um deles está muito mais próximo de casa.”

A nova coalizão surge em um momento em que a vontade política global para reduzir emissões vem enfraquecendo. Ao mesmo tempo, o financiamento internacional para a saúde sofre com cortes de ajuda dos Estados Unidos e de outros países a nações em desenvolvimento.

A ideia da coalizão de saúde remonta à COP28, realizada em Dubai em 2023, quando pela primeira vez as negociações climáticas tiveram um dia dedicado à saúde.

Naquele momento, “a filantropia ainda não havia se unido em torno dos temas de clima e saúde”, disse Willie. “Não havia prioridades comuns, nem cofinanciamento, nem coordenação.”

Desde então, a Fundação Rockefeller e o Wellcome Trust vêm trabalhando para reunir diferentes fundações em torno desses temas. Elas definiram quatro áreas prioritárias: calor extremo, poluição do ar, doenças infecciosas e dados sobre clima e saúde que possam orientar políticas públicas.

Um dos projetos financiados pela coalizão é uma parceria com a Associação de Mulheres Autônomas, um sindicato na Índia que está testando planos de seguro para suas integrantes — mulheres de baixa renda que trabalham como diaristas —, oferecendo pagamentos em dias de calor extremo.

Assim, elas podem deixar de trabalhar nesses períodos sem comprometer o sustento de suas famílias, explicou Willie.

A Fundação Rockefeller também colabora com o setor privado e com os empregadores dessas trabalhadoras para implementar medidas de proteção, como pausas para descanso e acesso a água fresca, sombra e banheiros, acrescentou.

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