Bloomberg Línea — A COP30, realizada em Belém, ganhou a alcunha de “COP das florestas” ao ser realizada na Amazônia e trazer foco renovado para soluções florestais e de biodiversidade.
Havia a expectativa de que a próxima edição da conferência, por sua vez, poderia ampliar os debates sobre oceanos, caso fosse realizada na Austrália em parceria com as nações insulares do Pacífico, que estão entre as mais afetadas pelas mudanças climáticas.
Austrália e Turquia disputaram a presidência da próxima conferência até a última quarta-feira (19), às vésperas do encerramento da COP30. O imbróglio foi finalizado com um acordo incomum: a Turquia irá presidir a COP para fins de organização do evento, enquanto a Austrália irá liderar as negociações.
Tanto a COP31 quanto a cúpula de líderes mundiais, que normalmente ocorre no início de cada COP, serão realizadas na cidade de Antalya, na Turquia.
Uma ilha do Pacífico, ainda não especificada, sediará um encontro pré-COP, cujo objetivo é atrair doações para um fundo destinado a ajudar a região a desenvolver resiliência às mudanças climáticas.
Apesar dos percalços, Marinez Scherer, enviada especial para Oceano da COP30, avalia que o foco nos oceanos não irá perder seu momentum com a disputa, não importa onde a próxima conferência seja realizada.
“A expectativa é grande para que a COP31 trate bastante de oceanos. Esperamos sair da conferência atual com esse entendimento, e também de que o oceano é um só, e unifica a todos”, afirmou Scherer em entrevista à Bloomberg Línea.

Scherer admite, no entanto, que haveria um grande simbolismo em ter as discussões localizadas próximas às áreas afetadas do Pacífico – efeito que pode acontecer, ainda que em menor grau, com a realização do encontro pré-COP.
“[Ter agenda na região] seria um recado muito importante. O Pacífico é uma área com muitos países insulares, que estão sofrendo diretamente as consequências da mudança do clima e perdendo território”, disse.
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Coordenadora do Laboratório de Gestão Costeira Integrada da UFSC, Scherer está entre as 29 especialistas selecionadas para atuar como interlocutoras em temas e regiões estratégicas da COP30.
A professora foi a segunda a discursar diante dos líderes globais na cúpula pré-COP. A escolha foi interpretada como um avanço da valorização dos oceanos na conferência, que passou a integrar uma agenda de alto nível, para além dos pavilhões temáticos que marcaram edições anteriores.
“O oceano é o principal regulador climático do planeta, cobre 70% da área do mundo. Então, se estamos falando de clima, precisamos falar do oceano e das soluções que são baseadas nele e nos ecossistemas costeiros. E essa foi a ideia da pauta: aproximar o oceano do centro das discussões”.
Um dos principais anúncios sobre o tema foi o Pacote Azul, apresentado por Scherer durante a COP30. O documento propõe 70 soluções sobre energia renovável oceânica, traça metas para preservação e pede o investimento de ao menos US$ 116 bilhões ao ano no setor.
Entre as metas de financiamento propostas para os próximos cinco anos, estão investimentos anuais de US$ 72 bilhões para proteger e restaurar 30% dos oceanos; de US$ 30 bilhões para o turismo costeiro; de US$ 10 bilhões em financiamento de energia para países em desenvolvimento e de US$ 4 bilhões para sistemas alimentares aquáticos resilientes e sustentáveis.
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