Bloomberg — A equipe econômica poderá excluir R$ 10 bilhões da meta fiscal do próximo ano, como parte de um plano para auxiliar os Correios, que enfrentam uma grave crise financeira.
O Ministério da Fazenda solicitou ao Congresso uma alteração no orçamento de 2026 que permita ao governo excluir da meta os gastos com empresas estatais que possuam um plano de reestruturação econômico-financeira aprovado.
A proposta não menciona os Correios, mas é direcionada a eles.
A exceção para auxiliar os Correios só será utilizada se necessário, declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas.
“É preventivo, se precisar usa”, afirmou.
O pedido foi incluído na proposta da lei de diretrizes orçamentárias aprovada pelo Congresso na quinta-feira (4).
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A demanda aumentou a preocupação dos investidores com a crescente dívida pública brasileira.
Após a divulgação do plano do ministério, o real apagou os ganhos e teve desempenho inferior ao da maioria das moedas latino-americanas, em meio a novas preocupações fiscais.
O Brasil tem enfrentado dificuldades para atingir a meta de déficit primário zero, excluindo juros, neste ano. O governo já está tendo que congelar recursos do orçamento para cumprir o limite inferior da meta, que inclui uma margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para 2026, a meta é um superávit primário de 0,25% do PIB, mas a proposta orçamentária já prevê exceções para reduzir gastos desse objetivo.
Além dos R$ 10 bilhões destinados aos Correios, a equipe econômica também poderá reduzir a meta em R$ 5 bilhões com investimentos. O orçamento também permite que empresas públicas apresentem um déficit primário de R$ 6,7 bilhões no próximo ano.
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Crise nos Correios
Os Correios têm buscado alternativas para captar R$ 20 bilhões para ajudar a equilibrar seu déficit acumulado.
A empresa possui mais de R$ 8,7 bilhões em passivos não cobertos e trabalha em um plano de reestruturação que precisa ser aprovado pelo Tesouro Nacional.
As finanças da empresa se deterioraram no último ano, com a imposição de tarifas sobre importações de bens de baixo valor pelo Brasil, o que reduziu as compras dos brasileiros em plataformas globais de comércio eletrônico. A maior parte desses pedidos era processada pela companhia, e a redução no volume agravou o consumo de caixa dos Correios.
No início desta semana, o Tesouro rejeitou uma proposta de um consórcio bancário para um empréstimo aos Correios, alegando que a taxa de juros oferecida era muito alta para uma operação com garantia da União.
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Agora, o Tesouro busca outras soluções. Uma possibilidade em discussão é a injeção de capital, o que agravaria ainda mais as contas públicas.
“Precisamos antes aprovar plano de recuperação, não vamos fazer aporte sem o plano de recuperação aprovado, nem empréstimo, nem aporte, nem aval”, disse Haddad. “Tudo depende do plano de reestruturação da companhia.”
A lei de diretrizes orçamentárias de 2026 também permite que o governo mire o limite inferior da meta fiscal para o próximo ano. E mesmo para isso, o governo está considerando alternativas para aumentar a arrecadação. Uma das possibilidades é aumentar os impostos sobre as importações, de acordo com o jornal Valor Econômico.
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