Bloomberg Línea — O empresário Rubens Menin voltou a criticar as altas taxas de juros no país, que definiu como sua “principal preocupação atual com o Brasil”.
“Nós estamos encomendando uma crise futura e uma perda de competitividade”, definiu o empresário durante o Inter Invest Summit neste sábado (20).
O Brasil está há pouco mais de três anos com a taxa básica de juros acima de dois dígitos. Em fevereiro de 2022 a Selic foi elevada para 10,75% ao ano e atualmente está no patamar de 15% ao ano – o mais alto desde 2006.
O patamar coloca a taxa real de juros no país entre as mais altas do mundo. “Uma taxa real de 10% é uma taxa maluca: existem países em guerra com taxas mais baixas que o Brasil”, disse.
E, diferentemente de outras economias que já iniciaram o ciclo de corte de juros, projeções no Brasil apontam que isso ocorra apenas para 2026.
O maior e mais recente exemplo de redução dos juros são os Estados Unidos, que na última quarta-feira (17) teve a sua taxa cortado em 0,25 ponto percentual (p.p.) pelo Federal Reserve, para o intervalo entre 4,00% e 4,25% ao ano – o primeiro corte do ano.
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O Brasil, por outro lado, deve seguir com a taxa elevada por mais tempo. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa em 15% ao ano na decisão da última semana.
O Copom sinalizou ainda que o “cenário atual, de elevada incerteza, exige cautela”, diminuindo as esperanças dos investidores que esperavam um corte mais cedo.
O consenso do mercado projeta que as taxas continuem acima dos dígitos por pelo menos mais dois anos. Os primeiros cortes são esperados para 2026, alcançando 12,38% ao final desse ano, de acordo com o mais recente boletim Focus, do Banco Central. A Selic deve alcançar 10% ao ano apenas em 2028.
Menin disse que o Brasil está atrasado em relação a outras economias, que já estão iniciando o ciclo de corte de juros. Admitiu, no entanto, que não é possível cortar a taxa sem uma mudança de ambiente.
“O Brasil está defasado do mundo, mas não pode cortar juros ‘na caneta’. É preciso ter as condições macroeconômicas para os juros serem cortados”, disse.
O empresário defendeu um equilíbrio com redução do déficit por parte do governo – assunto que dominou o mercado em 2024 mas ficou em segundo plano neste ano com os holofotes voltados para o governo Trump.
“Juros altos é algo que machuca todo mundo. Quem tem dinheiro e quem não tem.”
Menin participou da abertura do Inter Invest Summit, primeiro evento de investimentos do banco fundado por ele.
Considerado um dos maiores empresários do Brasil, Menin tem negócios que vão da incorporação a vinhos: é fundador e presidente do conselho da MRV, do Inter e da Log CP, tem uma vinícola em Portugal - a Menin Douro Estates -, e é acionista controlador da CNN Brasil e majoritário da SAF do Clube Atlético Mineiro.
O evento foi realizado em Belo Horizonte (MG) neste sábado (20) na Arena MRV, estádio do clube do empresário.
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