IPCA: inflação desacelera em novembro e fica dentro da faixa de tolerância do BC

Pela primeira vez em mais de um ano, o IPCA em 12 meses ficou dentro da faixa de tolerância do Banco Central, enquanto diretores se preparam para sua última reunião de política monetária de 2025

Consumidores em São Paulo
Por Beatriz Reis
10 de Dezembro, 2025 | 12:25 PM

Bloomberg — A inflação anual desacelerou em novembro e voltou para dentro da faixa de tolerância do Banco Central pela primeira vez em 14 meses, justamente quando os formuladores de política monetária se preparam para a última reunião de política monetária de 2025.

Dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (10) mostraram que os preços ao consumidor avançaram 4,46% em relação ao mesmo mês do ano anterior, ligeiramente abaixo da mediana de 4,47% estimada por economistas consultados pela Bloomberg.

PUBLICIDADE

No mês, os preços medidos pelo Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA) subiram 0,18%, informou o IBGE.

Leia também: Choque político com Flávio Bolsonaro atinge aposta de multimercados no Brasil

O mercado espera que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros no maior patamar em quase 20 anos ainda nesta quarta-feira, já que expectativas de inflação persistentemente elevadas interromperam as apostas em cortes iminentes, apesar da desaceleração da economia.

PUBLICIDADE

A meta do BC é de 3%, com banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A leitura de inflação de novembro “não deve levar a um corte de juros na reunião do Banco Central mais tarde hoje”, afirmou o economista-sênior para mercados emergentes Liam Peach, da Capital Economics, em nota. “Mas indica que, apesar do tom recente mais duro dos dirigentes, um corte em janeiro continua no radar.”

Cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta. Despesas pessoais (0,77%) e habitação (0,52%) registraram os maiores avanços, cada um contribuindo com 0,08 ponto percentual para o índice geral. Na sequência vieram vestuário, transportes e educação.

PUBLICIDADE

Os demais grupos recuaram: artigos de residência, comunicação, saúde e cuidados pessoais e alimentação e bebidas.

O que diz a Bloomberg Economics:

“A inflação brasileira finalmente voltou para o intervalo da meta em novembro e, junto com sinais de arrefecimento nas pressões subjacentes de preços, pode levar o Banco Central a começar a discutir a reversão de sua política monetária extremamente rígida.”

Adriana Dupita, economista para Brasil

Na primeira metade de novembro, a inflação ao consumidor já havia desacelerado para 4,5%, exatamente no limite superior da banda do BC.

PUBLICIDADE

Mas, apesar do esfriamento da inflação, dados recentes mostraram que a economia perdeu fôlego no terceiro trimestre.

Analistas apostam que os cortes de juros começarão no ano que vem, embora haja divisão sobre se o afrouxamento terá início em janeiro ou março.

O BC elevou a Selic em 4,5 pontos percentuais entre setembro de 2024 e junho de 2025, até atingir 15% ao ano.

Economistas no levantamento mais recente do Banco Central reduziram levemente a projeção de inflação para 2025, de 4,43% para 4,40%.

-- Com a colaboração de Giovanna Serafim.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Copom deve manter Selic, e incerteza aumenta após anúncio de candidatura de Flávio

Socorro aos Correios: governo sinaliza aporte de até R$ 10 bi em ajuste ao orçamento