BNDES aumentará para R$ 20 bi financiamento de infraestrutura via dívida local

Em entrevista à Bloomberg News, superintendente do banco disse que estratégia visa incentivar investidores privados a também comprarem os títulos

BNDES headquarters in Rio de Janeiro
Por Martha Beck
20 de Setembro, 2023 | 10:33 AM

Bloomberg — O BNDES pretende oferecer R$ 20 bilhões em financiamento para projetos de infraestrutura este ano, um salto de cerca de 67% em relação a 2022, principalmente através da compra de dívida local emitida por empresas que investem no setor.

A estratégia visa incentivar investidores privados a também comprarem os títulos, potencializando o impacto do financiamento do BNDES, segundo Felipe Borim Villen, superintendente da área de infraestrutura do banco.

“O BNDES tem conseguido atrair o mercado de capitais para esse tipo de investimento, algo com que as empresas de infraestrutura têm dificuldade”, disse Villen em entrevista à Bloomberg News. “Os mercados de capitais geralmente fornecem capital de giro, mas não financiamento de longo prazo.”

O BNDES desembolsou cerca de R$ 12 bilhões para projetos de infraestrutura até agora este ano, mesmo valor disponibilizado durante todo o ano de 2022. Cerca de 60% dos recursos foram utilizados na compra de debêntures de infraestrutura, segundo o diretor.

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Uma emissão incentivada da Iguá Saneamento, com prazos de 20 e 29 anos, levantou R$ 3,8 bilhões. O BNDES subscreveu R$ 1,8 bilhão da oferta.

O banco também comprou dívidas de empresas que precisam de fundos extras para concluir projetos que enfrentaram um aumento dos custos das matérias-primas após a pandemia. Em uma delas, uma concessão rodoviária em Minas Gerais, o BNDES ficou com 60% de uma emissão de R$ 520 milhões.

O banco também está disposto a ajudar as concessionárias rodoviárias que não conseguiram honrar contratos. Um terço dos 14.000 quilômetros de estradas nas mãos do setor privado é atualmente operado por empresas que enfrentam problemas financeiros, disse Villen.

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O governo tem mantido conversas com o Tribunal de Contas da União (TCU) para encontrar uma solução que não exija leiloar novamente as concessões com problemas, o que atrasaria ainda mais os investimentos.

“O BNDES faz parte das conversas e estará pronto para ajudar a financiar essas empresas quando houver clareza regulatória”, afirmou.

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