Bloomberg Línea — O café colombiano vive um boom de exportação que o levou, nos últimos 12 meses, a registrar o maior valor histórico em vendas externas: US$ 5,4 bilhões.
Tudo isso se deve à combinação perfeita de três ingredientes: produção, preço internacional do grão e uma vantagem tarifária sobre os concorrentes.
Em termos de produção, há atualmente uma recuperação que não se via desde 1992: 14,6 milhões de sacas no ano. A produção nacional de café em agosto alcançou 1,24 milhão de sacas de 60 kg, um aumento de 19% em relação a agosto de 2024.
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Esse resultado amplia o ímpeto observado em julho e reflete o atraso na colheita no primeiro semestre do ano, causado pelas chuvas persistentes que transferiram a colheita para o início do segundo semestre do ano.
Com esse desempenho, de acordo com dados da Federação Nacional dos Cafeicultores, a produção acumulada nos últimos 12 meses (setembro de 2024 - agosto de 2025) foi de 14,79 milhões de sacas, um aumento de 18% em relação ao ano anterior.
No acumulado do ano (janeiro a agosto de 2025), a produção totaliza 8,83 milhões de sacas, uma variação positiva de 10%.
“À medida que o ano cafeeiro se aproxima do fim, a dinâmica positiva da produção e das exportações confirma a força do sistema cafeeiro colombiano”, disse Germán Bahamón, gerente da federação. “No entanto, é necessário alertar que teremos um declínio na produção nacional no trimestre de outubro a dezembro de 2025″.
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Essa previsão de safra estima um impacto de um milhão de sacas a menos em relação a 2024.
Javier Díaz, presidente do sindicato dos exportadores, disse à Bloomberg Línea que “três fatores estão se combinando em favor das exportações de café: aumento da produção, bons preços internacionais e concorrentes afetados, seja em sua colheita devido a questões climáticas ou devido a tarifas”.
Díaz acrescentou que as vendas externas desse produto estão impulsionando fortemente as exportações agrícolas do país, e que a situação poderia ser ainda melhor se o café fosse excluído da tarifa para os Estados Unidos.
A volatilidade dos preços do grão tem se mantido em níveis acima de US$ 2,90 por libra-peso, refletindo uma perspectiva positiva para o setor. Atualmente, o preço por libra-peso do café está entre US$ 3,26 e US$ 3,29.
As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizeram com que cada uma das origens do café tivesse uma tarifa diferente.
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A Colômbia ficou com o mínimo possível: 10%, e concorrentes fortes como a Indonésia com 19%, o Vietnã com 20% e, no quadro atual, o Brasil com 50%.
Nesse sentido, a Bahamón fez uma solicitação ao governo de Gustavo Petro: “ferramentas para monitorar as importações devido às diferenças tarifárias entre cafés de diferentes origens estabelecidas pelo governo dos EUA”.
Ele disse que isso é um incentivo para uma “dinâmica prejudicial de importações”, o que levanta a necessidade de revisar uma estrutura para proteger a competitividade do café colombiano.
Em termos de comércio exterior, a Colômbia exportou 1,13 milhão de sacas em agosto, um aumento de 10% em relação a agosto de 2024.
No ano cafeeiro, as exportações alcançaram 13,23 milhões de sacas, 13% a mais que no período anterior. As exportações da FNC totalizaram 2,59 milhões de sacas (18%), e as de outros exportadores, 10,63 milhões (12%).
As importações preliminares em agosto foram de 146.000 sacas, elevando o total para 776.000 sacas nos últimos 12 meses.
O consumo interno permanece estável, com uma estimativa móvel de 2,25 milhões de sacas por ano.