Gigante chinesa investirá US$ 250 milhões para produzir soja e milho em Angola

Projeto da estatal chinesa Citic envolve a produção de até 100.000 hectares de terras; país asiático busca reduzir dependência dos EUA diante de guerra comercial

Homem observa despejo de grãos em silo
Por Candido Mendes
21 de Julho, 2025 | 02:00 PM

Bloomberg — Uma subsidiária do conglomerado estatal chinês Citic desenvolverá fazendas de soja e milho em larga escala em Angola, enquanto a segunda maior economia mundial busca garantir o abastecimento de longo prazo em meio à guerra comercial com os Estados Unidos.

A Citic Construction lidera um grupo que investirá US$ 250 milhões ao longo de cinco anos, com o objetivo de desenvolver até 100.000 hectares (1.000 quilômetros quadrados) de terras, segundo Fan Juntao, diretor executivo da empresa em Angola.

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Embora China e Estados Unidos tenham chegado a um acordo sobre um acordo comercial para resolver as disputas tarifárias, os detalhes permanecem indefinidos.

No mês passado, o país asiático adquiriu um raro carregamento de farelo de soja da Argentina e tem buscado diversos outros fornecedores para reduzir sua dependência dos Estados Unidos.

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Angola está focada em aproveitar a “oportunidade criada pela geopolítica mundial, guerras comerciais e mercados bloqueados”, disse o ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, em coletiva de imprensa em Luanda.

“Este primeiro acordo com a Citic nos garante um comprador certo para a soja angolana. Assinaremos outro contrato na quinta-feira com uma segunda empresa chinesa para expandir as exportações para mais de 500.000 toneladas de produtos alimentícios”.

Cerca de 60% da produção será exportada para a China, enquanto o restante será destinado ao consumo interno, informou o ministro.

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Os trabalhos de desmatamento já começaram em 3.000 hectares em Cuanza Norte e 5.000 em Malanje, com o plantio previsto para iniciar assim que os direitos fundiários forem assegurados, disse Fan, da Citic, durante a coletiva.

“Nossa projeção é alcançar de 10.000 a 20.000 hectares até o próximo ano”, afirmou Fan. “A Citic liderará um fundo de apoio à agricultura e aplicará tecnologia de alta produtividade para produzir oito toneladas por hectare de milho e cinco toneladas de soja.”

A China importou 105 milhões de toneladas de soja em 2024, principalmente para ração animal.

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Os Estados Unidos forneceram cerca de um quinto desse total, proporção que vem diminuindo nos últimos anos após Pequim se voltar para outros produtores, como o Brasil, na esteira da guerra comercial com o primeiro governo Trump.

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