Bloomberg — A inteligência artificial criou uma perspectiva “assustadora” para o emprego, alertou Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital Management, acrescentando que a suposição de um salto de produtividade não leva em conta quantas pessoas terão condições de comprar os bens adicionais produzidos.
“Me preocupa que um pequeno grupo de multibilionários altamente educados seja visto como tendo criado tecnologia que coloca milhões de pessoas fora do mercado de trabalho”, escreveu Marks em um artigo publicado no blog da Oaktree na terça-feira (9).
“Isso promete ainda mais divisão social e política do que já temos hoje, deixando o mundo propenso à demagogia populista.”
Algumas empresas têm recorrido a níveis “agressivos” de endividamento porque a IA se tornou uma “corrida armamentista na qual o vencedor leva tudo”.
Para companhias como Microsoft, Alphabet, Amazon, Meta Platforms e Oracle, “é razoável imaginar que um dos motivos para estarem gastando somas tão vastas é dificultar que empresas menores consigam acompanhar”, afirmou.
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Wall Street tem se preparado para emprestar quantias enormes para financiar a expansão de investimentos em IA que podem levar anos até gerar retorno aos investidores.
Mais de US$ 161 bilhões em operações de crédito nos EUA ligadas a data centers foram fechadas até agora neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg News. Como resultado, credores buscam proteção contra uma possível bolha caso a tecnologia acabe decepcionando.
Os investidores estão agindo de forma “especulativa”, embora o crescimento da demanda por tecnologia de IA seja “totalmente imprevisível”, disse Marks, observando que os títulos de 30 anos da Meta e da Alphabet para financiar seus projetos de IA pagam cerca de 100 pontos-base acima dos Treasuries de mesmo prazo.
“É prudente aceitar 30 anos de incerteza tecnológica para fazer um investimento de renda fixa que rende pouco mais do que dívida sem risco?”, questionou.
“E os investimentos financiados com dívida — em chips e data centers — manterão o nível de produtividade por tempo suficiente para que essas obrigações de 30 anos sejam pagas?”
Ainda é muito difícil, nesta fase, afirmar se o entusiasmo atual em torno da tecnologia é excessivo, e levará anos até sabermos se foi irracional ou não, disse Marks.
“Eu aconselharia que ninguém apostasse tudo sem reconhecer que corre o risco de ruína caso as coisas deem errado”, escreveu. “Mas, ao mesmo tempo, ninguém deveria ficar totalmente de fora e correr o risco de perder um dos grandes avanços tecnológicos.”
Pelo lado positivo, a IA pode compensar a saída do mercado de trabalho de milhões de baby boomers que se aposentarão até 2035.
Ainda assim, “a revolução da IA é diferente das revoluções tecnológicas anteriores em aspectos que são ao mesmo tempo promissores e preocupantes”, afirmou Marks. “Parece que um gênio saiu da garrafa — e não vai voltar para dentro dela.”
-- Com a colaboração de Michael Gambale.
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