Nubank pede licença bancária nos EUA para avançar em internacionalização

Banco digital brasileiro entrou com pedido para levar seu modelo para o maior mercado financeiro do mundo; cofundadora Cristina Junqueira vai liderar a futura operação americana

Nubank
30 de Setembro, 2025 | 03:30 PM

Bloomberg Línea — O Nubank (NU) entrou com um pedido de licença bancária nacional junto ao Office of the Comptroller of the Currency (OCC), o órgão regulador responsável pela supervisão de bancos federais nos Estados Unidos.

O movimento, anunciado pela empresa nesta tarde de terça-feira (30), marca o início de uma nova etapa na estratégia de internacionalização da fintech brasileira, que pretende transformar seu modelo regional em uma plataforma financeira de alcance global.

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O banco digital fundado por David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible em 2013 tem cerca de 123 milhões de clientes em três mercados: Brasil, México e Colômbia, segundo dados do segundo trimestre.

É um dos principais players financeiros digitais do mundo, ao lado de empresas como a britânica Revolut.

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De acordo com o comunicado, o pedido é parte de um “estágio preparatório” voltado ao longo prazo e não representa uma mudança imediata no foco do grupo.

“Nosso foco principal continua sendo o crescimento nos mercados em que já atuamos, onde ainda vemos oportunidades substanciais de expansão”, afirmou David Vélez, CEO global do Nubank, no comunicado.

“Ao mesmo tempo, solicitar uma licença bancária nos Estados Unidos nos ajuda a atender melhor nossos clientes que já vivem no país e, no futuro, a alcançar pessoas com necessidades financeiras semelhantes.”

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Com a licença, o Nubank poderá oferecer no mercado americano produtos como contas de depósito, cartões de crédito, empréstimos e serviços de custódia de ativos digitais.

A empreitada será liderada por Cristina Junqueira, atual Chief Growth Officer do grupo, que agora passa a residir integralmente nos Estados Unidos.

Ela também será a CEO da nova subsidiária americana, que será 100% controlada pela holding global Nu Holdings.

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“Ainda há muito trabalho pela frente, mas acreditamos que, com diálogo próximo aos reguladores, em breve poderemos expandir nossa oferta ao público americano”, disse Junqueira no comunicado.

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O conselho de administração da operação nos EUA terá nomes experientes do sistema financeiro.

Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, será o presidente do conselho. Também farão parte do grupo Brian Brooks, ex-Acting Comptroller da OCC; Kelley Morrell, ex-executiva do grupo Blackstone e do Departamento do Tesouro americano; além de Youssef Lahrech, ex-presidente e COO do Nubank.

O pedido nos Estados Unidos segue uma série de iniciativas recentes de expansão internacional do Nubank.

Em abril, a subsidiária mexicana Nu México obteve autorização da Comisión Nacional Bancaria y de Valores (CNBV) para se tornar um banco; e agora aguarda a aprovação final para iniciar as operações completas no país.

De startup a banco digital

Fundado em São Paulo há mais de uma década, o Nubank se tornou uma das maiores plataformas digitais de serviços financeiros do mundo.

A empresa fechou o segundo trimestre de 2025 com receita recorde de US$ 3,7 bilhões — alta de 40% em relação ao ano anterior — e mantém uma taxa de atividade superior a 83% entre os clientes.

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O banco digital nasceu oferecendo um cartão de crédito, com aposta em tecnologia e experiência do usuário para simplificar o acesso a serviços financeiros.

A partir de 2017, passou a atuar também gradualmente com contas de pagamento, empréstimos pessoais, investimentos, seguros e até planos de celular, além de soluções para pequenas empresas.

Listada na Bolsa de Nova York desde 2021 e com market cap de US$ 77 bilhões até segunda (29), a companhia afirma que a expansão para o mercado americano é mais um passo em sua missão de “combater a complexidade no sistema financeiro”.

As ações subiam perto de 0,50% nesta terça por volta das 16h30, depois no anúncio do pedido de licença bancária nos EUA.

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