BTG Pactual compra ativos de Daniel Vorcaro, do Banco Master, por R$ 1,5 bilhão

Negócio anunciado no fim da tarde desta terça-feira inclui 15,17% do capital da Light e 8,12% do capital da Méliuz, além de imóveis, créditos, direitos creditórios e fatias acionárias inferiores a 5% em outras empresas

Sede do BTG Pactual na Faria Lima, em São Paulo (Divulgação)
27 de Maio, 2025 | 07:08 PM

Bloomberg Línea — O BTG Pactual acertou a compra de ativos de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, em operação financeira de valor aproximado de R$ 1,5 bilhão, segundo comunicado ao mercado no fim da tarde desta terça-feira (27).

Os ativos incluem 15,17% do capital social da Light e 8,12% do capital social da Méliuz, além de imóveis, créditos, direitos creditórios e participações acionárias inferiores a 5% em outras companhias não especificadas.

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O negócio teve acompanhamento do Banco Central e do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e ajuda a endereçar parte da necessidade de capital do Master para cumprir com seus compromissos financeiros de curto e médio prazo, dado que Vorcaro assumiu o compromisso de capitalizar o banco.

“Ressalta-se que a operação não inclui qualquer participação societária do BTG Pactual no Master ou em qualquer sociedade por este detida, controlada ou veículos de investimento que integrem o seu conglomerado prudencial, tampouco teve quaisquer destes como contraparte”, disse o BTG (BPAC11) no comunicado.

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O BTG, liderado por André Esteves - principal acionista e presidente do conselho de administração - e Roberto Sallouti, CEO, disse que as aquisições de participações acionárias “estão alinhadas à estratégia de investimento e representam uma oportunidade de geração de valor para o banco e seus acionistas” e não têm objetivos de qualquer posição específica.

Segundo informações da Bloomberg News, entre os ativos negociados - e não especificados no comunicado ao mercado - está o Fasano Itaim, na cidade de São Paulo, e participação acionária no GPA (PCAR3), o Grupo Pão de Açúcar.

Ao longo dos últimos anos, o Master bancou boa parte de seu crescimento - incluindo a compra de ativos com liquidez reduzida - por meio da captação de recursos com a emissão de CDBs garantidos pelo FGC até o limite previsto em lei, com taxas de juros acima da média de mercado.

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O vencimento de parte desses CDBs nos próximos meses levou a um quadro de aperto financeiro para o Master, que saiu em busca dos recursos.

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O Banco Master havia anunciado ao mercado no fim de março um acordo para vender 49% das ações com direito a voto, 100% das ações preferenciais e 58% do capital total para o BRB, do governo do Distrito Federal. A operação tinha o objetivo de justamente prover liquidez para o banco de Vorcaro.

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Mas a operação, que depende de aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), causou questionamentos de autoridades em Brasília por envolver um banco estatal que assumiria riscos tomados por investidores e executivos privados.

Também gerou preocupação entre os maiores bancos do país, que fornecem capital para o FGC e que seriam impactados em caso de não cumprimento do Master de suas obrigações com investidores.

A operação com o BTG pode reduzir a resistência ao negócio com o BRB, segundo fontes disseram à Bloomberg News, na medida em que injeta liquidez no Master.

O BTG Pactual, por sua vez, continua a ser um dos bancos mais agressivos em M&A no mercado brasileiro em diferentes frentes de negócios, de sua plataforma voltada ao investidor de varejo à área de wealth management, na esteira de um momento de resultados recordes e de maior capitalização do banco.

O banco de investimento, o maior da América Latina, encerrou esta terça-feira com market cap de R$ 192 bilhões, com as units no all-time high depois de valorização na casa de 50% neste ano e de quase 30% em 12 meses.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.