Bloomberg — O Nubank reduziu pela metade o número de níveis de cargos de gestão da empresa com o objetivo de aumentar a eficiência em um banco que tem praticamente dobrado de tamanho a cada poucos anos.
A empresa havia se tornado “muito verticalizada”, com até 14 níveis de gestão, disse o CEO e co-fundador, David Vélez, em uma entrevista à Bloomberg News.
As mudanças estruturais coincidiram com as recentes saídas de vários executivos de alto escalão, incluindo Jag Duggal e Youssef Lahrech, então CPO (Chief Product Officer) e presidente e COO (Chief Operating Officer), respectivamente.
“Havia quatro níveis entre eu e os gerentes seniores dos produtos e cerca de 14 níveis em toda a organização, o que é demais para uma que precisa ser ágil, tomar decisões rapidamente e tem tanto crescimento pela frente”, disse Vélez.
“Reduzimos os níveis efetivamente pela metade. E aumentamos significativamente a velocidade com que estamos avançando.”
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O Nubank, que possui mais de 118 milhões de clientes no Brasil, no México e na Colômbia, contratará novos executivos de alto escalão, os chamados “C-level”, nos próximos meses para ajudar na expansão internacional, disse Vélez.
A fintech com sede em São Paulo anunciou recentemente que o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto ingressará na empresa a partir de 1º de julho como vice-presidente do conselho e chefe de políticas públicas globais.
No início desta semana, o banco (NU) anunciou a saída surpreendente do presidente e COO Lahrech, que ajudou a refinar e a aprimorar os negócios de crédito ao longo de cerca de seis anos.
Vélez assumirá o cargo de Lahrech por enquanto, aumentando seus subordinados diretos para 15.
As ações caíram 6,1% no dia seguinte. Ainda assim, os papéis têm valorização de cerca de 19% no acumulado do ano, e a empresa, fundada em 2013, vale cerca de US$ 59 bilhões desde sua abertura de capital no final de 2021.
O anúncio sobre Lahrech ocorreu após as saídas, neste ano, de Duggal, diretor de Produtos, além do diretor de Relações com Investidores, Jorg Friedemann, e da diretora Jurídica (CLO), Elita Ariaz.
“Embora essa mudança seja dolorosa - e acho que, de fora, os investidores veem essa mudança e entendo como pode parecer assustadora -, a realidade é que todas essas mudanças são muito positivas”, disse Vélez.
“Estamos trazendo um novo conjunto de executivos para a nova fase.”
Como parte da reestruturação interna, alguns gerentes voltaram a ser colaboradores individuais, mas não houve demissões e não há planos para nenhuma, disse Vélez.
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A empresa continuará a contratar neste ano — “provavelmente em dois dígitos” —, embora o uso crescente de inteligência artificial esteja reduzindo a necessidade de planos com maior número de funcionários.
Cerca de 30% da programação agora é realizada com IA, e 50% das necessidades de atendimento ao cliente são atendidas com as ferramentas.
O CEO também disse que as mudanças internas são focadas em execução e eficiência, em vez de um esforço para cortar custos.
Certos produtos que levariam dez meses para serem lançados entram em operação agora com as mudanças, disse ele.
Lahrech e Duggal permanecerão como consultores.
“É uma reconstrução contínua da equipe”, disse o CEO. “Há uma série de conjuntos de habilidades entre pessoas que conhecem empresas de consumo em vários países ao redor do mundo e sabem como você usa a tecnologia em diversos mercados diferentes e que agora precisamos atrair.”
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