Na Brazil Week em Nova York, líderes celebram um país que dá certo, de olho em 2026

Escolha do brasileiro Fabricio Bloisi, CEO da Prosus, e do americano Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, como ‘The Person of the Year’ da Brazilian-American Chamber of Commerce revela momento de ascensão do país na cena de tecnologia global

Diego Barreto (à esquerda), CEO do iFood, e Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, em Nova York para o anúncio da parceria entre as duas gigantes de tecnologia (Foto: Uber/Reprodução)
15 de Maio, 2025 | 08:23 AM

Bloomberg Línea — Já se tornou tradição faz algum tempo, mas ganha força a cada ano: centenas de executivos C-Level, investidores, banqueiros e autoridades se reúnem em Nova York na terceira semana de maio para uma série de encontros de alto nível com pares americanos, globais e, não menos importante, entre si.

O grande evento é o jantar de gala da Brazilian-American Chamber of Commerce para a premiação de um brasileiro e um americano que tenham se destacado ao longo do último ano, na noite de quarta-feira (14) da mesma semana. Ontem o jantar foi realizado no Museu Americano de História Natural, no Upper West Side.

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Em 2025, a escolha de Fabricio Bloisi, CEO da Prosus, uma das principais gigantes de tecnologia do mundo, e de Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, não poderia ser mais representativa de um Brasil que dá certo, do ponto de vista de protagonismo no mundo da inovação dos negócios.

Não por acaso, as duas gigantes celebraram justamente na cidade americana o anúncio de uma rara parceria de gigantes globais para explorar o mercado brasileiro, em que o iFood - controlado pela Prosus e liderado no país pelo CEO Diego Barreto - une forças com a Uber para venderem serviços de delivery e de mobilidade aos brasileiros.

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Desde que assumiu o comando da Prosus há cerca de um ano, Bloisi tem liderado não só a expansão dos investimentos da gigante com sede em Amsterdã como executado uma estratégia em que muito da inovação tecnológica desenvolvida no Brasil é integrada com plataformas globais, sempre com o uso de IA no centro.

Mas há muito de discussões nos eventos paralelos que “brigam” pela presença dos executivos que estão presentes em Nova York na semana, de bancos de investimento como Citi, Itaú BBA e BTG Pactual a empresas de mídia como Financial Times, Valor Econômico e Brazil Journal e organizações privadas como a Esfera Brasil, de João Camargo.

O empreendedor, apontado como uma das 500 Pessoas Mais Influentes da América Latina em 2024 pela Bloomberg Línea, foi uma das personalidades dos negócios mais requisitadas, de eventos da Endeavor ao Tech Summit do Itaú BBA.

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É o momento em que Manhattan - em particular a região do Midtown e da Lexington Avenue - encontra a Faria Lima.

Fabricio Bloisi, CEO global da Tencent, um dos maiores grupos de investimento em empresas de tecnologia do mundo (Foto: Bloomberg)

E houve ao menos dois consensos nos debates que se viram, tanto no público como nos bastidores, segundo fontes que falaram com a Bloomberg Línea, mas pediram para não ter os nomes revelados: um é a oportunidade igualmente rara que se apresenta ao Brasil como um potencial beneficiário da guerra tarifária global promovida pelo presidente americano, Donald Trump.

A força do país em recursos naturais e no tema relevante da transição energética, a relativa posição de neutralidade do Brasil diante das duas maiores economias do mundo e o fato de o país dispor de reduzida dependência do comércio exterior - e das vendas aos Estados Unidos - reforçam as “cartas na mão”.

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O segundo consenso é diretamente relacionado: o país precisa saber aproveitar essas oportunidades, seja por meios de acordos comerciais bilaterais com grandes parceiros como se apresentando ao mundo como um destino de investimentos que é confiável do ponto de vista de ambiente de negócios.

E isso se faz não apenas com segurança jurídica como com uma macroeconomia estável - leia-se previsibilidade econômica e, principalmente, fiscal, que se reflete em preços mais atrativos no tradicional tripé de juros, câmbio e inflação, segundo consenso nas conversas.

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E foi nesse momento que, de forma não menos relevante, o Brasil do mundo dos negócios e da inovação que dá certo se encontrou com o Brasil político, que está de olho na agenda e nas eleições presidenciais de 2026.

Lideranças políticas e muitos empresários e executivos já discutiam veladamente ou de forma mais aberta cenários possíveis para 2026.

E, nesse quadro, um dos potenciais candidatos, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não só se fez presente - esteve em eventos fechados do Citi e da BlackRock - como endereçou muitos dos anseios de uma plateia ansiosa para ouvir palavras de compromisso com projetos de médio e longo prazo que possam reforçar a atratividade do país para o capital estrangeiro e, principalmente, para quem já empreende no país.

“Temos grandes desafios? Sem dúvida. Mas tenho visto uma grande confiança de investidores aqui, que fizeram questão de conversar conosco. Talvez essa turbulência toda nos abra uma grande janela de oportunidade”, disse Tarcício em almoço organizado pelo Citi no MoMa (Museu de Arte Moderna) na terça (13).

“Mas não podemos continuar a ser sempre apenas o país do futuro. Está na hora de transformar energia potencial em energia cinética”, disse o governador.

“Todo mundo sabe qual a agenda necessária para os próximos anos. Ou alguém tem dúvida de qual é a agenda?”, afirmou, sem se comprometer com uma candidatura e defendendo que o país precisa, mais do que nomes, de projetos - e de projetos que sejam executados. Foi aplaudido ao fim de seu discurso por uma plateia com cerca de 50 CEOs, banqueiros e investidores.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.