Bloomberg — Um ex-banqueiro de investimentos do Santander, Albert Munck, e o ex-gestor de ações da Itaú Asset e da Clave Capital, André Caldas, lançam uma nova gestora em meio a um ambiente desafiador para a indústria de fundos.
A Springs Capital, que tem o BTG Pactual como sócio minoritário, iniciou as suas operações em abril com cerca de R$ 450 milhões em ativos sob gestão e uma equipe de 14 pessoas.
Com escritório próximo à Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, o fundo terá Caldas no comando da gestão de recursos e contratou o ex-gestor de portfólio da Schroder, João Noronha, para a equipe de análise de ações.
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Ex-diretor de gestão de riscos do BTG Pactual, Gustavo Liberali atuará como diretor de operações, enquanto Munck é o CEO.
A Springs também carregou dois fundos de ações que eram da Clave e estavam sob o chapéu de Caldas, além de cinco profissionais da gestora, que foi adquirida pela BTG Asset Management em dezembro.
Os analistas Fernanda Castilho, Eric Kruse, Pedro Garrido Atra e Alex Kubota, além do trader Matheus Efrain Bueno Milani, irão integrar a equipe.
A pretensão da gestora é alcançar de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões em ativos sob gestão, disse Munck em entrevista à Bloomberg News no escritório da Springs em São Paulo.
“A nossa ideia é diversificar no médio prazo para outros produtos para oferecer fundos além dos de ações”, afirmou. “É um projeto mais de médio prazo, para diversificar a receita, dado os diferentes ciclos de Brasil.”
O fundo carro-chefe da gestora será o long-short — que realiza operações que associam compra e venda de ativos e não tem exposição direcional à bolsa —, gerido diretamente por Caldas, que atua como CIO da nova asset.
Também contará com um fundo long-bias — estratégia que combina posições compradas e vendidas, com um viés predominante para o lado comprado — antes de expandir para outros produtos em outras classes de ativos.
Segundo Caldas, as principais apostas dos fundos hoje estão em ações do setor financeiro, de utilities e do varejo.
Para ele, o movimento agressivo de queda no quarto trimestre de 2024 foi exagerado e agora a bolsa brasileira vem “ensaiando um otimismo,” com papéis do setor doméstico se destacando.
Perspectivas sobre uma possível mudança de governo em 2026, com um candidato mais pró-mercado, podem beneficiar ainda mais a bolsa brasileira, disse Caldas.
“Houve um choque de pessimismo muito grande no quarto trimestre de 2024”, afirmou Caldas. “Creio que houve um exagero na queda de papéis ligados à economia doméstica, o que tem ajudado na melhora recente dos preços dessas ações.”
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A gestora abre em um momento desafiador para a classe de fundos de ações e multimercados, com os clientes migrando para instrumentos de renda fixa e produtos isentos de tributação em meio a taxas de juros de dois dígitos por um período prolongado.
No acumulado do ano até março, investidores sacaram R$ 27,3 bilhões de fundos de ações, mais do que a retirada de R$ 15,4 bilhões vista no ano passado, de acordo com dados da Anbima, a associação brasileira de entidades do mercado de capitais.
“O carro chefe não depende da direção da bolsa”, disse Caldas.
“Se eu fosse um fundo long-only, eu teria esse problema, agora, como temos um produto não direcional, nós damos para o cliente o ganho da renda fixa mais um ganho de apostas relativas.”
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