Goldman Sachs perde liderança global em M&A após cinco anos; JPMorgan assume

Em primeiro semestre de forte queda no volume de fusões e aquisições, Goldman respondeu por US$ 237 bilhões, abaixo dos US$ 284 bilhões do concorrente de Wall Street

Goldman Sachs tem desempenho relativo abaixo do de anos anteriores no ranking global de M&As (Foto: Nicky Loh/Bloomberg)
Por Kwaku Gyasi
29 de Junho, 2023 | 10:41 AM

Bloomberg — O Goldman Sachs (GS) perdeu sua classificação como o principal assessor de M&A (fusões e aquisições) do mundo pela primeira vez em cinco anos.

O JPMorgan Chase (JPM) conquistou seu lugar como advisor número 1 em fusões e aquisições globalmente até agora neste ano no primeiro semestre, com volume de US$ 284 bilhões em negócios, traduzindo-se em uma participação de mercado de 22,5%, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O Goldman caiu para o segundo lugar, com uma participação de US$ 237 bilhões em transações, o que lhe confere uma participação de mercado de 18,8%.

A última vez que o Goldman ficou em segundo lugar em qualquer período de meio ano foi no primeiro semestre de 2018, mostram os dados.

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Ranking global de bancos de investimento na assessoria de fusões e aquisições no primeiro semestre de 2023dfd

Os volumes globais de negócios caíram 42% neste ano, para US$ 1,3 trilhão, em um dos piores períodos para fusões e aquisições na última década. Os bancos que aumentaram as contratações em 2020 e 2021 em momento de crescimento nos deals agora enfrentam quedas acentuadas nos fees.

Isso desencadeou grandes reduções de pessoal em Wall Street. O próprio Goldman iniciou recentemente nova rodada de cortes de empregos de 125 diretores em diferentes partes do banco, segundo informou a Bloomberg News. As mudanças fazem parte de um profundo esforço de redução de custos no banco, que teve pelo menos três rodadas de cortes de empregos em menos de um ano.

Carência de meganegócios

Valeriya Vitkova, professora sênior da Bayes Business School da City University of London, apontou que tem havido menos “meganegócios”, o que pode impactar os rankings dos bancos.

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“Vimos uma mudança estrutural no tipo de acordos de fusões e aquisições que são anunciados”, disse Vitkova. “Seria interessante e importante ver se essa é uma queda sustentada nos próximos meses e anos ou se é apenas uma mudança temporária.”

Dado o declínio acentuado nos volumes gerais de negócios, as classificações da tabela podem ser menos ilustrativas do que em um ano robusto. E o Goldman ainda pode voltar ao topo do ranking até o final de dezembro, como já fez no passado.

Embora sua contagem de negócios estivesse atrás da do Morgan Stanley em US$ 13 bilhões na metade do ano de 2018, o Goldman superou facilmente seu concorrente para recuperar o primeiro lugar no ano inteiro. Na verdade, houve apenas três vezes nas últimas duas décadas em que o Goldman não foi o número 1 globalmente por um ano inteiro, mostram dados compilados pela Bloomberg.

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Representantes do Goldman e do JPMorgan se recusaram a comentar.

Outros bancos também viram suas fortunas mudarem de direção este ano. O Guggenheim, que ficou em 57º lugar no ano de 2022, subiu para o 9º lugar. Isso se deve ao seu papel de advisor da Pfizer na maior aquisição global deste ano, de US$ 43 bilhões da farmacêutica de terapias para o câncer Seagen. A Centerview Partners, que assessorou a Seagen no negócio, saltou nove posições.

“Uma mudança da tabela de classificação pode indicar uma redução no negócio de consultoria de fusões e aquisições em que um determinado banco está envolvido e isso pode pesar nas suas receitas, bem como nos lucros no futuro próximo”, disse Vitkova. “E isso seria algo em que os executivos seniores provavelmente focariam sua atenção.”

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- Com a colaboração de Fareed Sahloul e Ben Scent.

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