Não é só o Brasil: Shein venderá produtos locais também na Europa e no México

Gigante asiática de e-commerce abrirá ainda em junho um site de vendas com produtos terceirizados no México, tornando a operação mais ágil e menos dependente da China

Mudança se baseia em modelos já em operação no Brasil e nos EUA
Por Bloomberg News
22 de Junho, 2023 | 08:43 AM

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Bloomberg — A Shein reforçará sua presença na Europa e no México, incluindo a venda de mais produtos fabricados localmente, em uma tentativa de diversificar sua cadeia de suprimentos centrada na China.

A gigante da moda fast fashion lançará um mercado online no México ainda neste mês, em que produtos de vendedores terceirizados poderão ser comprados juntamente com os produtos da marca Shein, que incluem vestidos de US$ 10 e jeans de US$ 12. A mesma estratégia será adotada com lançamentos na Alemanha, na Espanha, na França e Itália no terceiro trimestre.

A mudança se baseia em modelos já em operação no Brasil e nos Estados Unidos e deve “reforçar a estratégia de localização em todo o mundo”, disse Leonard Lin, diretor global de relações públicas, em uma entrevista na sede da empresa em Cingapura. “Estaremos preparados para aumentar a diversificação e trabalhar com fornecedores de manufatura em outros países também.”

Agilidade

Os esforços para se distanciar ainda mais da China provavelmente também eliminarão uma de suas maiores desvantagens: prazos longos de entrega. A empresa já tem centros de distribuição no meio-oeste dos EUA e na Califórnia para levar os itens aos clientes mais rapidamente, abriu um depósito em Toronto e tem uma unidade na Polônia.

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A mudança da Shein para a venda de outros produtos além dos seus, incluindo calçados Skechers e itens de cuidados Lansinoh, a aproxima do que sua rival Temu oferece. O aplicativo de compras, apoiado pelo peso-pesado do comércio eletrônico chinês PDD Holdings, cresceu em popularidade nos EUA e viu as vendas superarem as da Shein em maio, com sua ampla variedade de itens.

O executivo nega que a expansão da Shein seja um reflexo do que os concorrentes estão fazendo e que a empresa continuará a se concentrar no que pode oferecer às jovens consumidoras que são sua clientela principal. Houve um grande aumento na demanda dos clientes por mais variedade de produtos, disse ele.

A produção local está sendo considerada na Índia, em uma parceria com a Reliance Industries, de Mukesh Ambani, e há cerca de 1.000 fabricantes de itens da marca Shein na Turquia e no Brasil. A empresa quer que o país sul-americano, o primeiro a ter um mercado Shein, tenha 85% das vendas provenientes de produtores e comerciantes locais até 2026, disse Lin.

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A Shein já está estendendo o tapete vermelho para atrair as empresas. Ela oferecerá treinamento e incentivos, como dispensa de comissão por determinados períodos de tempo, aos principais fornecedores em potencial.

Ela quer que 100.000 vendedores em todos os mercados atinjam vendas anuais de US$ 100.000, chegando a US$ 1 milhão em três anos, de acordo com Lin. Alguns dos atuais vendedores da empresa conseguiram vendas mensais que ultrapassaram US$ 1 milhão em três meses após a adesão à plataforma.

Dependência da China

Apesar do impulso de diversificação, a empresa continua fortemente dependente de uma vasta rede de fabricantes contratados na China, que produzem novos designs em cerca de 10 dias para atender à demanda por novidades dos consumidores ocidentais.

Embora esse sistema tenha sustentado a rápida ascensão da Shein - ela supera de longe a Zara e a H&M no mercado de fast-fashion dos EUA - também deixou a empresa imersa nas tensões entre os EUA e a China, que estão se espalhando por uma série de setores.

A empresa também vem enfrentando há muito tempo críticas que abrangem toda a gama de suas operações, desde acusações de roubo de designs até denúncias de trabalho forçado e sua contribuição para o consumo excessivo que prejudica o meio ambiente.

Para lidar com isso, a Shein gastou milhões para lidar com essas questões, modernizando fábricas e lançando um programa que exibe o trabalho de designers independentes e dá aos artistas uma parte dos lucros.

Lin disse que a Shein leva a sério a violação de direitos autorais e usa verificações automatizadas e manuais para analisar os produtos de fornecedores e vendedores terceirizados antes de colocá-los à venda. A empresa também monitora os acontecimentos geopolíticos e está comprometida com o cumprimento das leis e regulamentações locais, disse ele.

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“Levamos a sério a visibilidade em toda a nossa cadeia de suprimentos e temos o compromisso de respeitar os direitos humanos e aderir às leis locais em cada mercado em que operamos”, disse Lin. “Temos tolerância zero em relação ao trabalho forçado.”

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