BTG mira aquisição nos EUA para avançar em private banking em LatAm

Banco se beneficiaria de uma oferta mais ampla de serviços para os clientes, disse Rogério Pessoa, sócio e head de wealth management, em entrevista à Bloomberg News

Sede do BTG Pactual na Faria Lima, em São Paulo: banco tem ampliado a sua área de atuação em gestão de fortunas (Divulgação)
Por Daniel Cancel - Cristiane Lucchesi
21 de Junho, 2023 | 09:58 AM

Bloomberg — O BTG Pactual (BPAC11) avalia adquirir um banco nos Estados Unidos e uma empresa de gestão de fortunas no México para expandir sua atuação em private banking, disse o sócio responsável pelo negócio.

O BTG já tem uma corretora nos Estados Unidos, mas se beneficiaria ao oferecer uma gama completa de serviços bancários para clientes latino-americanos que já deixam seu dinheiro para o banco administrar, disse Rogério Pessoa, em entrevista em São Paulo.

No México, o BTG também tem presença local, mas o mercado de gestão de fortunas - wealth management - é muito competitivo para construir o negócio do zero, segundo Pessoa.

“Se quisermos ser o maior em private banking na América Latina, precisaremos eventualmente ter uma empresa de gestão de fortunas no México”, disse ele, acrescentando que ser capaz de oferecer crédito imobiliário nos EUA também ajudaria o BTG a atingir esse objetivo.

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O BTG acaba de abrir um escritório em Madri e anunciou em março a compra de um banco em Luxemburgo para atender aos clientes latino-americanos, visando ganhar mercado inclusive de bancos que estão abrindo mão de sua presença local.

O JPMorgan Chase (JPM), o maior em wealth management para clientes da região, encerrou seus negócios onshore no Brasil e no México em 2020 e 2021, respectivamente, colocando fim ao esforço de décadas para competir localmente. O BNP Paribas também desistiu de atender clientes localmente no Brasil em 2021.

Embora a aquisição do Credit Suisse pelo UBS esteja criando um gestor de fortunas que superará os volumes do JPMorgan para clientes da América Latina, também está abrindo oportunidades para o BTG, já que esses dois bancos podem enfrentar desafios de integração.

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Hoje o BTG está no quarto lugar no ranking de maiores gestores de fortunas da América Latina, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Olhando para frente, acredito que um cliente quer ser atendido globalmente, e não por alguém na América Latina que não tem ideia do que está acontecendo no exterior, ou por algum banker de fora da região que não tem ideia de como é a vida local”, disse o executivo.

“Vemos um grande êxodo de clientes de Colômbia, Chile, Peru e México se mudando para Madri, ou pelo menos permanecendo parte do tempo lá, com o avanço de governos mais de esquerda na região”, disse ele. Para atender a esses clientes, o BTG acaba de abrir um escritório na cidade, no bairro nobre de Salamanca, e conseguiu os primeiros 20 milhões de euros para administrar de um cliente latino-americano.

Miami continua sendo um importante centro para os ricos latino-americanos, mas é considerada hoje muito cara e há incentivos fiscais na Espanha que permitem que o país europeu capture mais riqueza da região, disse ele. O escritório em Portugal, aberto em 2020 para atender principalmente brasileiros ricos, tem quase 4 bilhões de euros sob gestão, disse ele.

O BTG também aguarda aprovação regulatória para concluir sua aquisição de 21,3 milhões de euros do FIS Privatbank em Luxemburgo, disse ele. A ideia é que o banco se torne o BTG Europa e sirva como um centro não apenas para private banking mas também para banco corporativo e de investimento.

Ao comprar um banco nos Estados Unidos, o BTG competiria mais de perto com o Bradesco (BBDC4), que concluiu a aquisição de um banco na Flórida em 2020 e agora oferece crédito imobiliário e empréstimos pessoais e depósitos a clientes principalmente latino-americanos que vivem no sul da Flórida.

A segunda e a terceira gerações de famílias ricas que se mudam para viver nos Estados Unidos durante a maior parte do ano também são grandes clientes em potencial para uma ampla gama de serviços bancários, disse Pessoa.

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No Brasil, o private banking do BTG também cresce e dobrou sua equipe desde 2019, disse. Nesta quinta-feira (22), o banco reabre seu escritório em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, com a presença de Esteves, para atender de perto os clientes do setor do agronegócio. O BTG já chega a esses clientes por meio de escritórios em Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e pretende reinaugurar ainda neste ano um escritório em Brasília.

O banco também planeja abrir um escritório em Itajaí, próximo à cidade litorânea de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, local que é hoje um dos principais destinos de fins de semana e feriados de industriais do estado e de empresários do agronegócio. “O escritório vai ter que abrir no fim de semana, e no verão vai bombar”, disse.

O PIB do setor agrícola aumentou 21,6% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, já que o Brasil teve sua maior colheita de soja na temporada 2022-2023. Culturas como café e milho devem bater recordes, e isso está aumentando a riqueza no Brasil rural.

Enquanto o mercado global de private banking cresceu 1,2% para R$ 1,88 trilhão sob gestão neste ano até abril, a riqueza no Centro-Oeste, o chamado Texas brasileiro por causa dessa prevalência do agronegócio, aumentou 10%, para R$ 53 bilhões, segundo a Anbima, associação do mercado de capitais.

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Em março, o BTG tinha R$ 568 bilhões em patrimônio sob gestão, um aumento de 24% em relação ao mesmo mês de 2022, segundo suas demonstrações financeiras. O plano é crescer mais 30% neste ano, disse Pessoa.

Pessoa, carioca de 54 anos, chefia o private banking e a unidade de gestão de fortunas do BTG desde 2014 e agora tem uma equipe de cerca de 300 pessoas. Ele está no banco desde 1998, quando ainda se chamava Banco Pactual.

Quando questionado sobre o presente que recebeu do BTG pelo seu 25º aniversário de trabalho, ele disse: “ganhei um banco europeu para construir”.

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