O alerta do estrategista mais cauteloso de Wall Street sobre o rali em NY

Michael Wilson, do Morgan Stanley, eleito o número 1 pela Institutional Investor em 2022, diz que impacto da recessão nos lucros das empresas ainda está para ser sentido

Michael Wilson, estrategista do Morgan Stanley: lucros de empresas ainda vão refletir a recessão iminente (Foto: Christopher Goodney/Bloomberg)
Por Alexandra Semenova - John McCorry
15 de Junho, 2023 | 05:05 AM

Bloomberg — Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), está reforçando seu status como o estrategista cauteloso - bearish - mais famoso de Wall Street.

O principal estrategista de ações do banco de investimento nos Estados Unidos reiterou sua meta para o fim de ano de 3.900 pontos no S&P 500 nesta quarta-feira, alertando em entrevista à Bloomberg Surveillance que o impacto de uma recessão nos lucros das empresas ainda está em andamento. Esse nível implica uma queda de quase 11% em relação ao atual patamar de negociações do índice.

“A inflação vai cair. Não vai ser bom para as ações porque é daí que vem o poder de ganhos”, disse Wilson.

Sua avaliação vem no momento em que se espera que o Federal Reserve interrompa sua blitz de aumento de juros mais agressiva em décadas e em que um boom impulsionado pelo entusiasmo com Inteligência Artificial (IA) ajudou a levar o S&P 500 a um bull market, ou seja, um mercado tecnicamente em alta.

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No início desta semana, Wilson e sua equipe de estrategistas disseram em relatório a clientes que esperavam que os ganhos das empresas do S&P 500 caíssem 16%, em comparação com as previsões de um declínio de apenas 2,4% para 2023 de analistas do sell-side, que aumentaram suas expectativas de ganhos. A equipe de Wilson prevê um crescimento de 23% no lucro por ação em 2024.

As ações de tecnologia que lideraram a recente recuperação do mercado “tiveram a maior recessão de ganhos”, disse Wilson.

“A presunção é que acabou”, mas “vai persistir na segunda metade do ano”, acrescentou. “Vai piorar antes de melhorar no ano que vem.”

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O estrategista-chefe de ações do Morgan Stanley manteve sua postura pessimista, mesmo quando uma onda crescente de colegas de bancos rivais abandonou suas perspectivas sombrias.

David Kostin, do Goldman Sachs (GS), vê mais impulso no mercado de ações à medida que outros setores alcançam o rali das ações de tecnologia. Kostin elevou sua previsão de fim de ano para o S&P 500 para 4.500 pontos. E Savita Subramanian, do Bank of America (BAC), declarou encerrado oficialmente o bear market na semana passada, depois de também elevar sua meta para 2023.

“O rali superando o limite de 20% encorajou mais especialistas e participantes do mercado a declarar o fim oficial do bear market”, escreveu Wilson em nota na segunda. “Discordamos respeitosamente devido à nossa visão de fundamentos para 2023, que agora está muito fora de consenso.”

Wilson ficou em primeiro lugar na pesquisa da Institutional Investor do ano passado depois de prever corretamente a onda de liquidação - selloff - das ações em 2022. Em outubro, ele previu com precisão uma alta de curto prazo nas ações dos EUA, mas sua perspectiva de queda em 2023 ainda não se materializou. O S&P 500 subiu cerca de 14% neste ano, e o Nasdaq 100, mais ainda, 37%.

Para ter certeza, o estrategista continua alocado no mercado de ações dos EUA. Wilson está acima da média (overweight) em dinheiro e abaixo (underweight) em ações.

O mercado sofre de “uma supervalorização muito ampla”, disse ele, mas energia e finanças estão entre os setores que podem ser comprados a múltiplos mais baratos.

“A questão é: ‘O que os lucros vão fazer?’”, disse Wilson.

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- Com a colaboração de Tom Keene e Lisa Abramowicz.

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