Opep+ se reúne um mês após cortes e vê conflito entre estoques e fraca demanda

Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados se reúne em Viena em 4 de junho, um mês após implementar cortes de produção

Opep+ se reúne neste fim de semana
Por Grant Smith
01 de Junho, 2023 | 09:29 AM

Bloomberg — A Opep+ enfrentará um mercado de petróleo dividido quando se reunir neste fim de semana.

Por um lado, os estoques globais de petróleo estão em queda à medida que os cortes de produção da aliança começam a ser implementados, o que pode dar suporte aos preços. Por outro, indicadores econômicos chineses fracos e temores de uma recessão nos Estados Unidos fortalecem as apostas baixistas.

A divisão fica clara nos sinais conflitantes dos dois principais membros da coalizão. A Arábia Saudita alertou os especuladores que apostam contra o preço do petróleo para que tomassem “cuidado”, em contraste com comentários mais moderados da Rússia.

Está em jogo a trajetória dos preços do petróleo e seu impacto sobre a inflação. O barril de Brent recuou 17% nas últimas seis semanas, e é negociado perto de US$ 73 em Londres, mas os analistas ainda preveem uma recuperação no segundo semestre.

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“Com os preços neste nível, a Opep está entre a cruz e a espada”, disse Raad Alkadiri, diretor do Eurasia Group. Os preços não estão baixos o suficiente para exigir um corte, mas também não estão altos o suficiente para as contas públicas dos países membros.

Rali após corte da Opep+ em abril se transformou em uma queda. Fonte: Bloombergdfd

As 23 nações do grupo que engloba a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados se reúne em Viena em 4 de junho, apenas um mês depois de começar a implementar os cortes de produção de 1,2 milhão de barris por dia anunciados em abril.

Os cortes, que serão mantidos o ano todo, devem ser suficientes para diminuir os estoques globais de forma significativa, à medida que o consumo aumenta na China, dizem os analistas. Dados da Opep antecipam um grande déficit de cerca de 1,5 milhão de barris por dia no segundo semestre.

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Esses números sugerem que outra rodada de cortes de produção não seria bem-vinda por países que ainda sofrem intensas pressões de custo de vida. O presidente dos EUA, Joe Biden, criticou a Opep+ por seu corte de abril e a Agência Internacional de Energia condenou o grupo pelo impacto da política sobre os consumidores.

Por outro lado, o petróleo está abaixo da cotação de US$ 81 o barril que o Fundo Monetário Internacional estima que seria necessária para financiar os ambiciosos planos de transformação econômica e cidades futurísticas no deserto do príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, embora esteja bem acima das mínimas da pandemia.

“A Opep nunca cortou nos três meses após um corte anterior com estoques tão baixos quanto os atuais”, disse Daan Struyven, economista do Goldman Sachs (GS). “Eles provavelmente primeiro querem observar o impacto dos cortes que acabaram de vigorar.”

A Arabia Saudita e outros países produtores também podem relutar em adotar medidas adicionais até que tenham mais clareza sobre os suprimentos da Rússia.

Moscou prometeu reduzir a produção em retaliação às sanções internacionais contra a invasão da Ucrânia, mas o país está retendo os números oficiais e dados de rastreamento de petroleiros mostram que as exportações russas aumentaram 8% em relação a fevereiro, para cerca de 3,6 milhões de barris por dia.

“A verdadeira questão é se os sauditas conseguem conter a Rússia”, disse Paul Sankey, analista-chefe da Sankey Research, em entrevista à Bloomberg TV. “A Rússia é uma ameaça para a Arábia Saudita, porque o que a Rússia está fazendo é enviar seu petróleo para a Ásia”, corroendo o prêmio que a região costuma pagar pelos barris sauditas, disse ele.

-- Com a colaboração de Ben Bartenstein, Nayla Razzouk, Sharon Cho, Fiona MacDonald, Olga Tanas e Dina Khrennikova.

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