Indústria de carne vegetal espera retomada com alívio de inflação e maior variedade

Produtos plant-based têm encontrado dificuldades para competir com a carne devido ao seu custo mais alto e à menor curiosidade do consumidor

Produtos plant-based têm encontrado dificuldades para competir com a carne
Por Tatiana Freitas
31 de Maio, 2023 | 06:21 PM

Bloomberg — A PlantPlus Foods, joint venture entre a trading norte-americana ADM e a brasileira Marfrig (MRFG3) para o mercado de carne vegetal, espera uma retomada da demanda por produtos à base de plantas com o alívio da inflação de alimentos e a melhora no sabor e na variedade na categoria.

O CEO da empresa, John Pinto, disse que as vendas globais de alimentos plant-based devem atingir US$ 30 bilhões em uma década, citando estimativas internas da ADM. Nos últimos dois anos, elas ficaram estagnadas em torno da marca de US$ 2 bilhões.

Os produtos plant-based têm encontrado dificuldades para competir com a carne devido ao seu custo mais alto e à diminuição da curiosidade do consumidor.

Para reativar o crescimento, as empresas terão que aumentar variedade, sabor e nutrição de seus produtos, afirmou Pinto. Também é preciso reduzir custos e vender produtos mais baratos, acrescentou.

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“O consumo de produtos à base de plantas desacelerou devido ao cenário macroeconômico e todos os problemas na cadeia de suprimentos que todo o setor de alimentos enfrentou nos últimos anos”, disse Pinto, em entrevista à Bloomberg News. “Vemos este momento como um capítulo do processo de expansão do setor.”

Alimentos à base de plantas que imitam o sabor e a sensação da carne perderam terreno após um período inicial de rápido crescimento.

As vendas nos Estados Unidos de produtos alternativos de carne caíram 18% em dólares e 20% em volume durante as 52 semanas encerradas em 21 de maio, de acordo com dados da Circana, que rastreia dados de mercado. O Euromonitor, outro provedor de dados de mercado, projeta que as vendas globais de alternativas à carne e frutos do mar cheguem a US$ 11 bilhões em 2027.

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Alguns concorrentes não conseguiram manter investimentos em meio à recente crise e podem ser forçados a sair do mercado, disse Pinto.

A JBS (JBSS3), maior fornecedora mundial de carnes, anunciou no ano passado que estava descontinuando as operações da Planterra, sua empresa baseada nos EUA, em meio à demanda mais fraca. A companhia ainda produz carne vegetal no Brasil e na Europa.

No entanto, as empresas que fizeram uma “aposta de longo prazo no plant-based continuarão investindo para desenvolver a categoria”, afirmou Pinto.

A PlantPlus Foods, com sede em Chicago, é 70% de propriedade da brasileira Marfrig, segunda maior produtora de carne bovina do mundo, enquanto a ADM detém o restante. A empresa é dona da marca Hilary’s, que fabrica hambúrgueres vegetarianos, e da canadense Sol Cuisine, que produz versões vegetais de hambúrgueres, almôndegas, frango e peixe.

Depois de gastar cerca de US$ 140 milhões em 2021 para comprar a Sol Cuisine e a Hilary’s, Pinto disse que a PlantPlus continua atenta a oportunidades de aquisições para expandir seu portfólio de produtos.

No Brasil, onde a empresa fornece hambúrgueres vegetais para a rede Burger King, a PlantPlus anunciou no início deste mês uma parceria com BRF (BRFS3), uma das maiores empresas de alimentos do país, para aumentar seu portfólio de produtos para quase 30 itens, incluindo vegetais congelados e refeições vegetarianas, além de produtos que simulam a carne.

-- Com a colaboração de Deena Shanker.

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