Impostos e gastos com defesa: entenda o impasse sobre o teto da dívida nos EUA

Encontro entre Biden e McCarthy na segunda foi classificado como ‘produtivo’, mas ainda não há acordo; veja as principais divergências que impedem um acerto

O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, à esquerda, e o presidente dos EUA, Joe Biden, durante uma reunião no Salão Oval da Casa Branca em Washington, DC, EUA (Foto: Yuri Gripas/Abaca/Bloomberg)
Por Akayla Gardner - Billy House
23 de Maio, 2023 | 04:27 AM

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Bloomberg — O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e o mandatário dos Estados Unidos, Joe Biden, tiveram uma conversa produtiva na segunda-feira (22) no fim do dia, mas ainda não chegaram a um acordo para evitar um calote catastrófico da dívida do país.

Os dois se reuniram na Casa Branca por mais de uma hora. Mais cedo, a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou que é “muito provável” que seu departamento fique sem liquidez suficiente no início de junho e que um default pode ocorrer já em 1º de junho.

“O tom desta noite foi melhor do que em qualquer outra ocasião em que tivemos conversas”, disse McCarthy. Os dois líderes, disse ele, “tiveram uma discussão produtiva”. Mas ainda “sem um acordo”.

Biden, em comunicado na noite de segunda, concordou que a sessão foi “produtiva”. Antes da reunião, ele afirmou ser necessário “fazer alguma coisa”. Mas insistiu nas exigências dos democratas de aumento de receita, além de cortes de gastos. “Reiteramos mais uma vez que o calote está fora de questão e a única maneira de avançar é de boa fé em direção a um acordo bipartidário”, disse ele.

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Impostos e gastos de defesa

Aqui está a discordância: acho que devemos analisar as brechas fiscais e garantir que os ricos paguem sua parte justa”, disse Biden. Os republicanos têm resistido a qualquer mudança nos impostos como parte de um acordo sobre a dívida.

Os republicanos, por sua vez, querem cortar os gastos domésticos no maior número possível de anos, enquanto os democratas ofereceram cortes menores em alguns anos. Os democratas também querem incluir limites nos gastos com defesa em qualquer acordo.

Isso representa uma tensão importante para os republicanos da linha dura, que querem aumentar o orçamento do Pentágono à custa de cortes mais profundos nos gastos sociais.

O atual impasse sobre o teto da dívida tem o potencial de colocar mais pressão sobre a economia dos EUA, que já está vulnerável a uma recessão após uma série de aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve, de acordo com a Bloomberg Economics.

Os negociadores da Casa Branca retornaram ao Capitólio na noite de segunda-feira e se reuniram por mais de uma hora. Eles saíram pouco depois das 23h.

McCarthy disse que espera conversar diariamente com Biden até que um acordo seja fechado. As equipes de negociação cuidadosamente selecionadas dos líderes continuarão as conversas na noite de segunda-feira. “Vamos deixar as equipes trabalharem hoje à noite e ver se progredimos”, disse McCarthy.

Rohit Kumar, negociador-chefe do líder republicano no Senado Mitch McConnell na crise da dívida de 2011 e agora diretor do escritório da PwC em Washington, disse que os sinais dos líderes que saem da reunião da Casa Branca são “um bom sinal para se chegar a um acordo”. Ele vê uma chance “mais de 50-50″ de um acordo emergindo nos próximos dias.

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Mesmo que demore um pouco mais para ser concluído, um default é improvável após um acordo, disse ele. “Uma vez que o acordo é fechado, o Congresso sempre encontra uma maneira de fazê-lo dentro do prazo, e se eles não conseguirem fazê-lo dentro do prazo, eles estendem o prazo”, acrescentou Kumar.

- Com a colaboração de Erik Wasson, Jarrel Dillard, Steven T. Dennis e Ana Edgerton.

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