SoftBank planeja reduzir fatia no Alibaba com ação na baixa. Entenda as razões

Venda de participação reduziria para menos de 4% a fatia do conglomerado japonês no gigante chinês de tecnologia, que já chegou a ter um terço do capital

Ações da Alibaba chegaram a cair 5,2% em Hong Kong nesta quinta, apagando cerca de US$ 13 bilhões do valor de mercado da companhia
Por Anne VanderMey
13 de Abril, 2023 | 05:26 AM

Bloomberg — O SoftBank está se preparando para vender a maior parte de sua participação no gigante chinês de internet Alibaba Group Holding, informou o Financial Times, no mais recente sinal de investidores de longa data na China diminuindo sua exposição ao país.

A decisão ocorre em um momento em que as ações ensaiam uma recuperação, com alta de cerca de 50% em relação ao pico de novembro passado, mas ainda 70% abaixo do pico histórico de outubro de 2020, quando esteve prestes a lançar o maior IPO da história com a sua fintech, o Ant Group.

O principal fundo que investe em tecnologia do Japão e um dos maiores do mundo vendeu mais de US$ 7 bilhões em ações da Alibaba neste ano por meio de contratos a termo pre-pagos, depois se desfazer de ativos no valor de US$ 29 bilhões no ano passado, segundo o jornal.

Os contratos oferecem ao SoftBank a opção de recomprar as ações, mas o grupo já encerrou acordos anteriores entregando os ativos, de acordo com a reportagem do jornal britânico.

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Após ser atingido por perdas com apostas em algumas startups, o SoftBank disse que priorizaria a disciplina financeira antes de buscar o momento certo para fazer novos investimentos. Os investidores também especulam se a empresa lançará outro programa de recompra de suas próprias ações.

Ações do Alibaba caem abaixo do nível de suporte após notícia envolvendo o SoftBankdfd

Em reação à notícia, as ações da Alibaba chegaram a cair 5,2% em Hong Kong nesta quinta-feira, apagando cerca de US$ 13 bilhões do valor de mercado da companhia.

Mas, no fechamento da bolsa, os papéis conseguiram reduzir as perdas para 2,45% - e a redução do market cap também. As ações do SoftBank, por sua vez, não oscilaram expressivamente no pregão desta quinta em Tóquio, mas no ano, até o fechamento de ontem, acumulam perdas de 8%.

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As vendas reduzirão a participação do conglomerado japonês no Alibaba para menos de 4%, disse o jornal, citando uma análise a partir de registros regulatórios. Isso representaria uma queda expressiva frente à fatia de cerca de 14,6% que a empresa informou que deveria manter até o final de setembro.

O Softbank já foi dono de cerca de um terço da empresa, graças a um investimento inicial de US$ 20 milhões em uma de suas apostas de capital de risco mais famosas.

“Consideramos que o progresso na monetização de ativos aumentaria as chances de um anúncio de recompra”, disse o analista do Citibank Mitsunobu Tsuruo em nota aos investidores.

O Alibaba, juntamente com outras empresas de tecnologia, tem sido alvo de intenso escrutínio do governo chinês nos últimos anos, e suas ações despencaram. No mês passado, o líder do comércio online disse que planeja dividir seu império de US$ 240 bilhões em seis unidades que levantarão fundos individualmente e explorarão ofertas públicas iniciais.

O SoftBank, que já foi um dos maiores investidores do Vale do Silício, teve que dar baixa contábil de bilhões de dólares no seu Vision Fund, que aumentou os valuations em startups em todo o mundo com suas grandes apostas em centenas de empresas em fase inicial.

A empresa reduziu a equipe de sua unidade Vision Fund no ano passado, interrompendo a busca ativa por novos investimentos. Nesta semana, a SoftBank disse que planeja vender sua unidade de capital de risco em estágio inicial, a SoftBank Ventures Asia Corp., uma das maneiras pelas quais a empresa procura startups promissoras.

A instituição cortou pessoal em sua unidade Vision Fund no ano passado , uma vez que parou de buscar ativamente novos investimentos. Nesta semana, o SoftBank disse que planeja vender seu braço de capital de risco em estágio inicial, o SoftBank Ventures Asia, um dos caminhos pelos quais procurou startups promissoras.

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O bilionário fundador do SoftBank, o japonês Masayoshi Son, disse que quer se concentrar em uma listagem planejada de sua unidade de design de chips Arm ainda neste ano e fazer a estreia “a maior” da história da indústria de semicondutores.

A relistagem da Arm, que era negociada na bolsa de Londres antes da aquisição do SoftBank por US$ 32 bilhões em 2016, deve ser um grande ganho inesperado para o maior investidor em tecnologia do mundo.

Outros investidores chineses de longa data vêm reduzindo sua exposição na China. A Tencent Holdings Ltd. despencou esta semana com sinais de que seu maior acionista, Prosus NV, pode estender a venda das ações da empresa de tecnologia chinesa.

Nos últimos 14 meses, o SoftBank arrecadou uma média de US$ 92 por ação das vendas futuras de 389 milhões de ações do Alibaba, informou o Financial Times. Esse valor é muito menor do que o recorde histórico da empresa de US$ 317 por ação.

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O SoftBank não respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito pela Bloomberg News.

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