Investidores seguem cautelosos e voltam atenção a balanços de bancos nos EUA

Destaques da ata do Fed divulgada na véspera e notícias do setor tecnológico também estão no radar do mercado nesta quinta

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
13 de Abril, 2023 | 06:16 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados ainda digerem as perspectivas para o rumo dos juros nos Estados Unidos após uma desaceleração insuficiente da inflação de março e a previsão de uma leve recessão no final do ano, indicada pela ata do Federal Reserve (Fed). Um novo aumento de 0,25 ponto percentual continua sendo considerado para maio e a chave para avaliar as chances de pausa no aperto monetário está agora nos resultados dos bancos, que começam a sair amanhã.

→ Leia também o Breakfast, a newsletter matinal da Bloomberg Línea: Crise no varejo chega à Tok&Stok

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Os futuros de índices dos Estados Unidos subiam moderadamente, enquanto as bolsas na Europa operavam em direções distintas. O Stoxx 660 registrava ganhos associados à sinalização de François Villeroy de Galhau, do Banco Central Europeu (BCE), de que a maior parte do ciclo de alta dos juros já foi concluída.

Entre os índices asiáticos o fechamento foi misto, com queda do índice Shangai. No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,423% às 6h15 (horário de Brasília). O dólar se desvalorizava ante outras divisas, ao mesmo tempo em que a libra e o euro se apreciavam.

Nos demais mercados, o contrato de petróleo WTI operava volátil, inclinando-se à queda, e o ouro subia. Já o bitcoin subia.

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→ O que move os mercados hoje

Ativos pós-aperto. A possível pausa no aumento de juros dos EUA em algum momento deste ano deve favorecer investimentos longos em ouro, euro e nas criptos bitcoin e ethereum, disse Mike Novogratz, fundador da Galaxy Digital, à Bloomberg Television.

🔚 De saída? As ações do grupo Alibaba chegaram a cair mais de 5% devido à perspectiva de que o SoftBank venda a maior parte de suas ações na empresa, segundo o Financial Times. A empresa de capital de risco, que já foi dona de um terço da gigante chinesa de internet, ficaria com menos de 4% de participação, abaixo dos 14,6% que a empresa previa manter até setembro.

🇨🇳 Reaquecimento. A China teve um surpreendente aumento de 14,8% nas exportações em dólar em março. É o primeiro ganho em seis meses e contrariou as previsões de queda de 7%, tendo em conta indicadores divulgados antes que sugeriam uma economia ainda fraca.

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🪶 BoJ segue suave. Três dias após sua posse no comando do Banco do Japão, Kazuo Ueda reforçou seu tom ameno em relação à política monetária e destacou que a inflação no país pode cair abaixo da meta de 2%, indicando que não haverá pressa para normalizar a política expansiva do banco.

👁️‍🗨️ De Taiwan para os EUA. A corrida dos EUA para fortalecer sua indústria de semicondutores se reflete na compra massiva de máquinas para fabricar chips de Taiwan. O país asiático, que é um polo chave da cadeia global, registrou um aumento de 42,6% nas entregas para os EUA, equivalente a US$ 71,3 milhões. Já as exportações para a China despencaram 33,7%.

🔋 Da China para a Europa. A fabricante chinesa de baterias Svolt Energy Technology, que já possui duas fábricas na Alemanha, deve expandir sua presença na Europa com até cinco fábricas adicionais para abastecer montadoras da região, como a Stellantis. A meta da empresa é ter capacidade de abastecer até 1 milhão de veículos elétricos na região até o final desta década.

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📲 Apple dispara na Índia. A Apple montou mais de US$ 7 bilhões em iPhones na Índia no último ano fiscal, triplicando a produção na área enquanto busca uma transição da sua posição na China. Conforme a Bloomberg, quase 7% dos iPhones já são produzidos na Índia, um salto gigantesco em relação à fatia de 1% registrada em 2021.

🛒 Lucro e inflação. A Tesco, maior rede de supermercados do Reino Unido, registrou um lucro operacional de US$ 3,1 bilhões no ano fiscal encerrado em fevereiro. A empresa avalia que os ganhos deste ano ficarão estáveis, enquanto lida com níveis históricos de inflação no país.

💂‍♀️ Escapando da recessão. O PIB do Reino Unido ficou estagnado em fevereiro, sob efeito das greves nos serviços públicos. O resultado de janeiro foi revisado para um crescimento de +0,4%, o que reduz as chances de recessão por enquanto.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (12/04): Dow Jones Industrials (-0,11%), S&P 500 (-0,41%), Nasdaq Composite (-0,85%), Stoxx 600 (+0,13%), Ibovespa (+0,64%)

Os dados da inflação norte-americana justificaram a baixa no mercado acionário dos EUA ao indicarem que a desaceleração de março não será suficiente para que o Fed encerre seu ciclo de alta dos juros. Entre as mensagens de integrantes do Fed, Mary Daly disse que talvez não seja necessário aumentar mais as taxas, mas Thomas Barkin avaliou que ainda resta “algum caminho a percorrer”.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Pedidos Iniciais de Seguro Desemprego, IPP/Mar

• Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Fev); Reino Unido (PIB/Fev, Produção do Setor de Construção/Fev, Índice do Setor de Serviços, Produção Industrial/Fev, Balança Comercial/Fev); Alemanha (IPC/Mar, Saldo de Transações Correntes/Fev); Itália (Produção Industrual/Fev); Portugal (IPC/Mar)

• Ásia: China (Balança Comercial/Mar)

• Bancos centrais: Discursos de Huw Pill (BoE) e Joachim Nagel (Bundesbank)

• Balanços: Delta Airlines, Tesco

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.