Itaú suspende ações judiciais contra a Americanas e sinaliza apoio a acordo

Varejista diz que negociações com bancos credores avançaram na direção de alcançar um entendimento para avançar no processo de recuperação judicial

Americanas entrou em recuperação judicial com uma dívida de R$ 42,5 bilhões com quase 10 mil credores, entre eles, os maiores bancos  do país
12 de Abril, 2023 | 01:00 PM

Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4) confirmou que as ações judiciais contra a Americanas (AMER3) estão suspensas. A medida era uma condição da varejista para fechar um acordo com os bancos credores e avançar no processo de recuperação judicial, em curso desde janeiro.

Na noite de terça-feira (11), a Americanas comunicou, sem fornecer nomes, que “alguns de seus credores financeiros concordaram em suspender temporariamente suas disputas judiciais em curso, de forma a permitir que as partes envolvidas foquem seus esforços na negociação de um Plano de Recuperação Judicial que seja aceitável para a maior parte dos credores da companhia e que viabilize o futuro operacional da Americanas”.

A companhia acrescentou esperar que, “durante esse período, as negociações culminem em um plano que conte com o apoio da maior parcela possível dos credores da Americanas e que possa ser submetido a uma Assembleia Geral de Credores dentro do prazo estabelecido pela legislação”.

A Americanas também destacou que “em que pese ainda não haver acordo com seus credores financeiros em relação à última proposta apresentada, a companhia segue empenhada em manter negociações construtivas com seus credores em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”.

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No dia 3 de abril, a varejista havia oficializado a proposta de capitalização de R$ 12 bilhões, um valor abaixo dos R$ 15 bilhões que alguns bancos falavam no começo da crise da descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões, decorrente da ocultação das despesas financeiras com operações de risco sacado (antecipação de recebíveis) realizadas nos últimos anos.

No dia 9 de janeiro, o Itaú havia ingressado na Justiça pedindo que a varejista informasse o destino dos recursos que estavam sob a custódia do banco e que foram liquidados antes do pedido de recuperação judicial.

O Itaú tem R$ 2,9 bilhões a receber da varejista e fez uma provisão para cobrir 100% da exposição ao calote, no balanço do 4º trimestre. Isso signifique que, no caso de acordo com a Americanas, o banco vai reaver um dinheiro que já havia reservado como perda no resultado financeiro de 2022.

Além do Itaú, o Santander Brasil (SANB11) também suspendeu suas ações judiciais contra a Americanas, segundo reportagem da CNN Brasil, publicada anteontem (10). O Santander não comentou o assunto. No próximo dia 24, antes da abertura do mercado, o banco deve divulgar o balanço do primeiro trimestre.

A operação local do banco espanhol tem uma dívida de R$ 3,65 bilhões a receber da varejista e, no quarto trimestre, fez uma provisão para cobrir 30% do calote. A matriz tem cobrado ajustes nos indicadores de inadimplência do Santander Brasil, após reportar balanços abaixo das expectativas do mercado.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.