Bloomberg — O petróleo tem o maior ganho em um ano depois que a Opep+ começou a punir os vendedores a descoberto com um corte surpreendente na produção, que apertou o mercado global e ampliou os riscos econômicos.
O West Texas Intermediate (WTI) era negociado perto de US$ 81 o barril nesta terça-feira (4), depois de fechar em alta de mais de 6% na segunda-feira (3).
A redução pegou o mercado de surpresa e levou muitos bancos a aumentaren as previsões de preços, embora alguns permaneçam pessimistas. A diferença entre os dois contratos de dezembro mais próximos para o Brent subiu para US$ 5,72 o barril em atraso – um padrão de alta – de US$ 3,80 na sexta-feira (31).
A medida da Opep+ teve como objetivo atingir especuladores que apostavam na queda dos preços do petróleo.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados começaram a ver a necessidade de uma mudança de política em 20 de março, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, quando o Brent caiu para uma mínima de 15 meses, perto de US$ 70 o barril, devido à ameaça de uma crise bancária prejudicando a economia.
“Trata-se muito de tirar os ‘shorts’ do mercado”, disse Amrita Sen, diretora de pesquisa da Energy Aspects Ltd., em entrevista à Bloomberg TV na segunda-feira. Ela espera que o petróleo chegue a US$ 100 o barril na segunda metade do ano, mas a redução da produção pode levá-lo a esse patamar já neste trimestre.
O petróleo subiu cerca de 20% desde o ponto mais baixo em meados de março. A recuperação foi impulsionada inicialmente pelas expectativas de que a demanda chinesa aumentaria após o fim das políticas restritivas da covid. A decisão da Opep+ de remover mais de 1 milhão de barris de produção diária agora sobrecarregou o mercado.
Muitos em Wall Street, incluindo o Goldman Sachs (GS), atualizaram suas previsões de preços após a decisão. Ainda assim, o Morgan Stanley (MS) contrariou a tendência, observando que o crescimento da demanda da China ficou aquém das expectativas, reduzindo suas perspectivas.
O Citigroup (C) também rejeitou as conversas sobre uma recuperação rápida para US$ 100 o barril.
“A Opep agora tem um poder de precificação muito significativo em relação ao passado”, disseram analistas do Goldman Sachs, incluindo Daan Struyven, em nota. Espera-se que a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait cumpram total e “quase imediatamente” os cortes, enquanto a adesão do Iraque pode ser mais gradual e imperfeita, disseram eles.
Existe a preocupação de que os cortes na produção injetem novo vigor na inflação, com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, criticando a decisão do grupo como “não construtiva”.
Ainda assim, o presidente Joe Biden minimizou a questão, dizendo na noite de ontem que o impacto da decisão provavelmente não é “tão ruim quanto você pensa”.
Confira os preços do petróleo nesta terça-feira (4):
- O petróleo tipo WTI para maio subia 1% por volta das 8h (horário de Brasília), a US$ 81,26 o barril;
- O petróleo tipo Brent para maio também subia 1%, a US$ 85,78 o barril.
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