Barcelona, Espanha — Os mercados globais iniciam o segundo trimestre com turbulências e incertezas ante a surpresa com a decisão da Opep+ de reduzir sua produção diária em mais de um milhão de barris. O corte inesperado levou o preço do barril a subir 8% esta manhã, em Londres, e devolve aos investidores o temor de pressão inflacionária e mais aperto monetário em um momento em que as apostas já iam em direção contrária.
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Os futuros de índices dos Estados Unidos operavam com sinais mistos. As bolsas europeias subiam com a ajuda das ações do setor de energia, como BL e TotalEnergies, após o corte de produção da Opep+ impulsionar os preços do petróleo, que chegaram a subir 8% mais cedo. Há pouco, os contratos de petróleo WTI subiam mais de 5%.
Nas negociações em bolsa da Ásia, o sinal foi positivo no primeiro pregão do trimestre. No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia para 3,540% às 6h32 (horário de Brasília). O dólar se apreciava pouco ante outras divisas, assim como o euro e a libra. O bitcoin avançava.
→ O que move os mercados hoje
🛢️ Corte de risco. O anúncio do corte feito ontem contraria as sinalizações de integrantes do grupo de que não havia intenção de alterar a produção, inclusive da Arábia Saudita, principal país produtor do grupo. A Casa Branca qualificou o corte de imprudente.
📍 Ponto de pressão. Os analistas de mercado avaliam que o impacto nos preços tende a ser maior no cenário atual, com a perspectiva de consumo mais normalizada após a reabertura da China. O Goldman Sachs elevou sua previsão para o preço do produto de US$ 90 para US$ 95 por barril neste ano e para US$ 100 em 2024.
🃏 Opções dos EUA. Para domar os preços finais dos combustíveis, o governo dos EUA tem como opções usar seu estoque de emergência, de 371 milhões de barris; pressionar os produtores norte-americanos a acelerarem a produção; limitar exportações de gasolina e diesel; apoiar uma legislação que permitiria aos EUA processar as nações que formam a Opep+ ou não fazer nada por enquanto.
🚘 Venda recorde. A Tesla entregou um recorde de 422.875 carros em todo o mundo no último trimestre, 36% maior ante 2022, pouco acima das previsões e ainda distante do ritmo necessário para atingir a meta de crescimento anual de 50% estabelecida por Elon Musk. O desempenho foi obtido pela redução de preços dos veículos ante um mercado afetado por juros altos e inflação.
📲 Salto na receita. A ByteDance, dona do TikTok registrou aumento de mais de 30% em sua receita de 2022, superando os US$ 80 bilhões e igualando a cifra da concorrente Tencent, com impulso de anunciantes. Os números constam de um informe da empresa a que teve acesso uma pessoa que pediu anonimato.
🌀 Pouca liquidez. Apesar de uma valorização atraente no primeiro trimestre, a liquidez do Bitcoin continua baixa. Uma crescente repressão regulatória dos EUA e o colapso de alguns bancos do segmento de criptomoedas reduziu o apetite de alguns investidores. Essa redução no volume, por sua vez, acaba gerando um custo maior nas operações, devido à diferença entre o preço esperado e o pago na transação.
📳 Setor defensivo? A recente recuperação das ações de tecnologia, refúgio dos investidores durante o estresse bancário de março, não é sustentável, segundo Michael Wilson, do Morgan Stanley. Ele acredita que o setor retornará a novos mínimos e não deveria ser considerado defensivo. Serviços públicos, básicos e de saúde teriam, em sua avaliação, melhor perfil de risco-recompensa.
🚀 Corrida espacial. A Hanwha Aerospace, empresa da Coreia do Sul, está construindo seu primeiro foguete comercial com a meta de igualar o preço de lançamento ao do SpaceX, de Elon Musk, até 2032. A empresa de 71 anos, cuja receita vem crescendo com a venda de armamentos para vizinhos da Ucrânia, está investindo há dois anos no setor espacial.

🟢 As bolsas na sexta-feira (31/03): Dow Jones Industrials (+1,26%), S&P 500 (+1,44%), Nasdaq Composite (+1,74%), Stoxx 600 (+0,66%), Ibovespa (-1,77%)
As bolsas norte-americanas se apoiaram nos ganhos de ações de tecnologia para encerrar o último pregão do trimestre com sinal positivo. O aumento (+0,3%) abaixo do esperado do deflator PCE, índice de preços de despesas pessoais que exclui alimentos e combustíveis, também alimentou apostas no fim mais próximo do aperto monetário nos EUA.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• PMI Industrial/Mar : EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, México, Brasil
• EUA : Gastos com Construção/Fev, Índice ISM de Emprego no Setor Manufatureiro/Mar, Índice ISM de Atividade Industrial e Novos Pedidos/Mar, Reunião da Opep+
• Europa : França (Balanço Orçamentário/Fev); Suíça (IPC/Mar)
• Ásia : Japão (Base Monetária/Mar)
• América Latina : Brasil (Boletim Focus, Balança Comercial/Mar); Argentina (Receita Tributária)
🗓️ Os eventos de destaque na semana →
(Com informações da Bloomberg News)
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