Depósitos e empréstimos bancários caem nos EUA após turbulência financeira

Após colapso de bancos, instituições ficam mais seletivas para aprovar a liberação de crédito; empréstimos tiveram o maior declínio em quase dois anos

Quebra do banco afetou o sistema financeiro
Por Alex Tanzi
01 de Abril, 2023 | 09:44 AM

Bloomberg — Os depósitos em bancos dos Estados Unidos caíram acentuadamente e os empréstimos diminuíram no maior ritmo em quase dois anos em meio à turbulência financeira desencadeada pelo colapso de vários bancos em março.

Os depósitos em bancos comerciais caíram US$ 125,7 bilhões na semana encerrada em 22 de março, marcando o nono período consecutivo de quedas, segundo dados divulgados na sexta-feira pelo Federal Reserve. Em bancos credenciados no mercado interno, os depósitos caíram US$ 84 bilhões, refletindo uma queda nas 25 maiores instituições. Os depósitos em pequenos bancos aumentaram.

Os empréstimos gerais caíram US$ 20,4 bilhões, a maior retração desde junho de 2021 e devido a um declínio nos empréstimos comerciais e industriais. Os empréstimos imobiliários residenciais e comerciais, bem como os empréstimos ao consumidor, aumentaram em relação à semana anterior.

Por tamanho do banco, os empréstimos caíram em bancos maiores e aumentaram em empresas menores.

PUBLICIDADE

O relatório, conhecido como H.8, inclui as duas primeiras semanas após o fechamento do Silicon Valley Bank (SVB). Ainda levará tempo para avaliar o impacto total da turbulência financeira que ocorreu em seguida e saída de depósitos de bancos de médio e pequeno porte.

Os números mostraram que os bancos reduziram seus empréstimos de duas linhas de crédito do Fed na semana mais recente, um sinal de que a demanda por liquidez pode estar se estabilizando.

Os 25 maiores bancos domésticos respondem por cerca de três quintos dos empréstimos, embora em algumas áreas-chave – incluindo imóveis comerciais – os bancos menores sejam os fornecedores de crédito mais importantes.

PUBLICIDADE

O que a Bloomberg Economics diz:

“Outra semana de grandes saídas do sistema bancário provavelmente reflete a preferência por fundos do mercado monetário de maior rendimento, não o medo de que os bancos regionais possam falir. A fragilidade no sistema bancário parece contida – com a dependência das linhas de crédito do Fed diminuindo entre 22 e 29 de março – mas continuamos esperando que as condições de crédito se tornem mais rígidas daqui para frente”.

- Stuart Paul, economista

As condições de empréstimo já estavam ficando mais rígidas antes da crise bancária, após um ano de aumento das taxas de juros pelo Fed, e os economistas antecipam que o acesso ao crédito ficará ainda mais difícil para empresas e famílias.

As autoridades americanas responderam às quebras dos bancos em poucos dias para fortalecer a confiança no sistema financeiro, oferecendo apoio adicional para os bancos que precisam de liquidez.

Antes dessa injeção de apoio financeiro, os ativos de alta liquidez mantidos pelos bancos – como uma parcela de seus ativos totais – haviam caído para os níveis mais baixos em três anos.

O relatório do Fed sobre ativos e passivos de bancos comerciais inclui detalhamentos de crédito por destino – como empréstimos ao consumidor, imobiliários e comerciais – bem como categorias com base no tamanho do banco.

-- Com colaboração de Reade Pickert.

Veja mais em Bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também

Famílias Lemann, Telles e Sicupira vendem prédio do Mappin em SP para o Sesc

Na era dos juros altos, empresas recorrem à venda de ativos para reduzir dívidas