Ibovespa sobe 1,46% e retoma os 100 mil pontos com expectativa sobre plano fiscal

After Hours: indicação do governo de que pode apresentar a nova proposta sobre as regras fiscais sustentou a alta das ações

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) encerrou a terça-feira (28) em forte alta de 1,46% com a expectativa dos investidores pela apresentação do novo arcabouço fiscal por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a subida, o principal indicador da bolsa de valores brasileira recuperou o patamar dos 100 mil pontos, fechando em 101.129 pontos. Já o dólar fechou em queda, a R$ 5,16 (-0,64%).

Os mercados refletem a expectativa de que as novas regras fiscais podem reduzir as incertezas em torno das contas públicas, podendo levar a uma queda das expectativas de inflação e, consequentemente, dos juros num futuro próximo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que o novo plano fiscal pode ser apresentado ainda esta semana. Haddad disse que deve se reunir amanhã (29) com o presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para uma reunião “conclusiva”.

As falas do ministro ajudaram a sustentar os ativos no Brasil. O movimento acontece mesmo após o tom mais duro da ata da última reunião do Copom, que voltou a sugerir a possibilidade de uma retomada do ciclo de alta dos juros caso se mostre necessário.

No documento, o comitê disse que seguirá avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica por um período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação à meta. O grupo também reforçou que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Na avaliação de Caio Megale, economista-chefe da XP, o Copom mostrou que o processo de desinflação pode ser alcançado, mas que requer paciência, foco em manter políticas fiscais e parafiscais equilibradas e menos ruído sobre a credibilidade das metas.

Outros fatores também contribuíram para a alta. O aumento do preço das commodities, como minério de ferro e petróleo, ajudaram os papéis da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3; PETR4), que fecharam em alta.

No noticiário corporativo, o Grupo Petrópolis, dono da marca de cerveja Itaipava, pediu recuperação judicial, o que contribuiu para uma forte alta das ações da concorrente Ambev (ABEV3). O papel da cervejaria foi o mais negociado do Ibovespa nesta terça.

Analistas do Itaú afirmaram em relatório que a recuperação judicial do Grupo Petrópolis pode ser positivo no curto prazo, mas ainda é cedo para ser otimista no longo prazo.

“É razoável supor que Petrópolis se concentrará em reotimizar sua estrutura de capital e rentabilidade no curto prazo, levando a um ambiente competitivo benigno ao longo do processo. Esse processo já estava em andamento, e a notícia vem reafirmar a dinâmica que temos visto nos últimos anos. Por outro lado, ainda não está claro se esta notícia levará a uma competição mais acirrada no Brasil, já que um novo (e capitalizado) player em potencial surge na indústria cervejeira brasileira”, afirmaram os analistas.

No exterior, as bolsas de Nova York fecharam em queda, à medida que os investidores reavaliam os próximos passos da política monetária do Federal Reserve (Fed) e a possibilidade de o banco central continuar ou não elevando os juros nos Estados Unidos.

As ações de empresas de tecnologia fecharam em queda, encerrando uma sequência de três sessões em alta. A visão de que a crise bancária foi relativamente contida sustentou a visão de que o Fed deve continuar com o aperto monetário para conter a inflação elevada.

Confira como fecharam os mercados nesta terça-feira (28):

-- Com informações da Bloomberg News. Com colaboração de Mariana D’Ávila.

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