Salário da geração Z cresce até 2 vezes mais rápido e impulsiona consumo nos EUA

Rendimentos dos mais jovens têm subido quase o dobro da velocidade do que os dos demais adultos no país; grupo prefere gastar para ter uma vida confortável do que guardar dinheiro

Os consumidores da geração Z são mais propensos do que outras gerações a combinar ambição financeira com o desejo de viver confortavelmente
Por Augusta Saraiva e Reade Pickert
13 de Março, 2023 | 03:48 PM

Bloomberg — A maioria das pessoas entra na vida adulta com um orçamento apertado, o que exige um controle de gastos minucioso. Não é o caso da geração Z, da qual fazem parte as pessoas nascidas entre 1997 e 2012.

Os gastos do grupo mais jovem de adultos americanos foram impulsionados por dois fatores que ocorrem uma vez na vida: a inflação mais alta em décadas do ano passado e um mercado de trabalho aquecido que causou um forte crescimento salarial, especialmente para cargos nos níveis de entrada.

Uma forte retomada da economia depois dos meses de paralisação no auge da pandemia também ajudou.

Médias móveis de 12 meses de crescimento salarial mediano por faixa etária
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Seja por necessidade diante dos preços mais altos ou porque podem gastar em viagens e lazer, os jovens adultos de hoje tendem a gastar mais, mostram dados de cartão de crédito e pesquisas.

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“A geração Z não tem medo de gastar”, disse Taylor Price, 22 de anos, que reuniu mais de 1 milhão de seguidores em plataformas de mídia social como TikTok e Instagram, compartilhando conselhos sobre gastos, economia e investimento. “Esta geração está focada em ganhar dinheiro, ao invés de guardá-lo”, disse ela.

Enquanto os mais novos ainda moram com os pais, muitos já têm idade suficiente para pensar em grandes compras, como um carro. Entender suas motivações pode ajudar a definir a direção que a economia está tomando.

Os consumidores da geração Z são mais propensos do que outras gerações a combinar ambição financeira com o desejo de viver confortavelmente, de acordo com uma pesquisa com adultos do Bank of America (BAC).

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Outra pesquisa realizada em dezembro pela empresa de software financeiro Intuit descobriu que quase três em cada quatro pessoas da geração Z preferem ter uma qualidade de vida melhor do que dinheiro extra no banco.

Para Kloee King, é mais sobre as experiências. Ela trabalha com vendas em uma empresa de tecnologia e direciona grande parte de sua renda para seu cachorro e viagens com amigos.

A jovem de 23 anos é bastante prudente com seu dinheiro — contribuindo regularmente para a aposentadoria — e gasta o resto com seu aluguel em Seattle, viajando e doando para sua igreja.

“Coisas que estão ligadas a memórias ou que são como pagar por uma memória – vou gastar o dinheiro com isso”, disse King, citando eventos como despedidas de solteira e casamentos. “Isso vale a pena.”

A geração Z foi a única faixa etária que, em qualquer mês nos últimos dois anos e meio, teve uma parcela maior das pessoas gastando mais do que nos 12 meses anteriores, de acordo com dados da Visa. Isso inclui o final do ano passado, quando os americanos de todas as outras faixas etárias estavam cortando gastos.

A geração Z lida com os cartões de crédito de maneira diferente das outras gerações, disse Joshua Erabu, que fornece consultoria financeira nas mídias sociais. Normalmente, depender de crédito tem sido um indicador de estresse financeiro, mas muitos americanos mais jovens veem isso como uma ferramenta para acumular pontos e recompensas, mesmo que tenham dinheiro para pagar à vista, disse Erabu, de 21 anos.

Alguns dos comportamentos de gastos turbinados por jovens adultos também podem ser explicados pelo crescimento salarial — embora em valor nominal, os mais jovens tendam a ganhar menos.

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Os trabalhadores americanos de 16 a 24 anos são o único grupo que viu os ganhos salariais superarem consistentemente o índice de preços ao consumidor durante a pandemia, de acordo com dados do Federal Reserve Bank de Atlanta (Fed).

Depois, há o elemento de poupança reprimida. Durante a pandemia, uma parcela recorde de americanos de 18 a 24 anos vivia e trabalhava nas casas de suas famílias, ajudando a geração Z a aumentar as economias e os saldos de contas correntes ao máximo de qualquer geração, de acordo com dados do Bank of America Institute.

Os preços crescentes de alimentos, aluguel e outras necessidades também ajudam a explicar seus hábitos de consumo — assim como qualquer outra geração na economia atual, os jovens pagam mais por quase tudo. Os adultos da geração Z também enfrentam barreiras semelhantes às de seus predecessores.

A dívida pode ser especialmente um desafio para os jovens negros americanos, de acordo com o Bank of America Institute. Ao mesmo tempo, apenas cerca de 40% das mulheres da geração Z têm poupanças de emergência suficientes para durar três meses, enquanto uma parcela semelhante de jovens hispânicos não tem nenhum investimento, disse o grupo.

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A geração Z como um todo está tão motivada para estar financeiramente à vontade que três em cada quatro disseram que estão tomando ou considerando medidas para obter uma renda adicional, como conseguir um segundo emprego, disse o Bank of America Institute. Essa é a realidade de Sammie Walker, que trabalha de 30 a 40 horas por semana entre seus empregos em uma lanchonete e pizzaria quando não está em aula.

O jovem de 22 anos está prestes a se formar em 2024 na University of West Florida em Pensacola, embora esteja morando em casa a mais de duas horas de distância para economizar para o último ano. Enquanto ele espera comprar uma casa um dia, esse objetivo está longe.

“O sonho americano não é tão atingível quanto costumava ser”, disse Walker. “Sinto que a linha do tempo será muito mais distante do que as gerações anteriores.”

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