Bloomberg Línea — O sentimento de cautela volta a tomar conta dos mercados globais nesta segunda-feira (13) após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), que faz com que startups brasileiras, por exemplo, tentem levantar capital em meio às incertezas sobre o capital preso.
Nos Estados Unidos, os olhares seguem voltados para o aperto monetário e para a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), na semana que vem.
A partir de hoje, o Ibovespa (IBOV) volta a fechar às 17h por conta do horário de verão dos Estados Unidos.
Destaque ainda para o relatório Focus, do Banco Central (BC), que mostrou novo aumento na projeção para a inflação este ano.
Confira as notícias que devem movimentar os mercados nesta segunda-feira (13):
1. Quebra do SVB e efeito de contágio
O colapso do Silicon Valley Bank provocou um acerto de contas global em empresas de capital de risco e private equity, que se viram repentinamente expostas à máquina de fazer dinheiro da indústria de tecnologia.
O banco é o maior credor dos Estados Unidos a falir em mais de uma década, criando temores de contágio nos setores de tecnologia e finanças nos EUA e no mundo todo.
Os reguladores dos EUA tomaram medidas extraordinárias para reforçar a confiança no sistema financeiro, parte de um fim de semana frenético que viu o fechamento surpresa do Signature Bank de Nova York, juntamente com crescentes preocupações sobre os efeitos colaterais para outros credores regionais e para a economia em geral.
Nesta segunda, as ações do First Republic Bank caíram 60% nas negociações antes da abertura dos mercados em Nova York, em meio a crescentes preocupações sobre a saúde dos bancos regionais dos Estados Unidos.
As quedas ocorreram depois que o banco disse que tinha mais de US$ 70 bilhões em liquidez não utilizada do Federal Reserve (Fed) e de outros credores. Na Europa, o Commerzbank AG e o Credit Suisse (CS) caíram mais de 10%. O HSBC Holdings caiu mais de 2% após comprar a unidade britânica do SVB por 1 libra.
2. Relatório Focus
O relatório Focus, do BC, divulgado nesta manhã, mostrou uma piora nas projeções para a inflação este ano, com aumento nas estimativas de 5,90% para 5,96% em 2023.
Além disso, houve melhora nas estimativas para o PIB, pela terceira vez, com expectativa de crescimento de 0,89% da atividade brasileira este ano, ante projeção de expansão de 0,85%.
Com relação aos demais indicadores, não houve mudanças para 2023 no boletim desta segunda-feira. Os economistas consultados pelo BC continuam a ver a taxa Selic de 12,75% em dezembro deste ano e câmbio de R$ 5,25 ao fim de 2023.
3. Mercados
Os contratos futuros do índice S&P 500 subiam por volta das 8h40 (horário de Brasília) desta segunda, com os investidores diminuindo as apostas de aumento de juros.
Entre os principais credores, o Wells Fargo caía 3,5% antes da abertura, o Citigroup (C) tinha queda de 3,1% e o Bank of America (BAC), afundava 6,7%. O índice Stoxx Europe 600 caía mais de 2%, a maior queda desde dezembro, com um indicador de ações bancárias recuando quase 6%.
Os investidores buscam a segurança dos títulos. Os rendimentos do Tesouro de dois anos caíram até 43 pontos-base para 4,17%.
O rendimento do título de 10 anos caiu para o menor patamar em mês e o dólar estendeu um declínio contra seus principais pares. O rendimento da dívida alemã de dois anos caiu 35 pontos base, para 2,74%, a caminho da queda mais acentuada em dois dias já registrada.
4. Manchetes do dia
Estadão: Estados brasileiros têm vagas de emprego sobrando e disputam trabalhadores; veja quais são
Folha de S. Paulo: Congresso negocia com Lula e terá valor recorde para gastar com emendas parlamentares
O Globo: Mudança na Petrobras coloca em risco R$ 40 bilhões de investimento de ‘junior oils’
Valor Econômico: Fed lança linha de emergência para salvar bancos nos EUA
5. Agenda
O dia não traz a divulgação de nenhum indicador econômico.
-- Com informações da Bloomberg News
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Startups brasileiras buscam levantar crédito com base em capital preso no SVB