Bilionários da Americanas criticam Safra sobre ação na Justiça: ‘atitude cínica’

Banco questionou tratamento diferenciado nas dívidas de R$ 42 bilhões da varejista e conseguiu sustar recebimento de pequenos fornecedores e funcionários

Safra tem cerca de R$ 2,5 bilhões a receber da Americanas, que entrou em recuperação judicial (Dado Galdieri/Bloomberg)
Por Cristiane Lucchesi
09 de Março, 2023 | 08:53 PM

Bloomberg — A Americanas (AMER3) foi impedida de saldar dívidas com pequenos credores, após uma desembargadora aceitar um apelo do Banco Safra nesta quarta-feira (8).

Um porta-voz dos maiores acionistas da empresa, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, disse que eles respeitam a decisão do tribunal.

Mas o porta-voz acrescentou em nota: “estamos surpresos com as ações extraordinárias que certas partes financeiras estão dispostas a adotar para obstruir esses pagamentos aos menores credores que mais precisam de assistência imediata”. Segundo eles, “essa atitude cínica está longe da abordagem construtiva necessária para chegar a uma solução satisfatória para esse assunto complexo”.

O Safra não quis comentar.

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A Americanas havia começado a pagar cerca de R$ 192 milhões aos credores das classe I e classe IV (trabalhadores e pequenos fornecedores, respectivamente) em 1º de março com parte dos recursos obtidos dos acionistas de referência após decisão favorável em 28 de fevereiro.

Mas a desembargadora Leila Santos Lopes, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, bloqueou o pagamento, segundo documento obtido pela Bloomberg News.

Existe o risco de “danos irreparáveis ou de difícil reparação”, uma vez que o pagamento antecipado a estes credores é irreversível, disse a juíza.

O Safra, que tem créditos de R$ 2,5 bilhões com a empresa, segundo a Americanas, argumentou na Justiça que o pagamento antecipado é incompatível com a lei de recuperação judicial do país, que determina que todos os credores serão pagos apenas depois da aprovação em assembleia de credores do plano de reestruturação da companhia e de sua chancela pela Justiça.

A Americanas entrou com pedido de proteção contra falência em 19 de janeiro após revelar uma semana antes “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, que aumentaram artificialmente os lucros por até uma década e reduziram os passivos declarados pela metade. A empresa deve R$ 42,5 bilhões a mais de 9.000 empresas e indivíduos, mostra uma lista atualizada de credores.

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