Suíça avalia realizar referendo para manter o dinheiro físico em circulação

Movimento que defende a garantia do papel moeda coletou assinaturas para levar a questão a um plebiscito no país; suíços são os que mais guardam dinheiro físico em casa

A iniciativa do referendo destaca o quão emocional é a questão do dinheiro físico na Suíça
Por Bastian Benrath
19 de Fevereiro, 2023 | 12:09 PM

Bloomberg — É possível que os cidadãos suíços votem em um futuro referendo sobre a possibilidade de consagrar a disponibilidade de dinheiro físico na Constituição após uma iniciativa de proteção preventiva contra o dinheiro digital.

Os defensores da votação, um grupo chamado Swiss Freedom Movement, disseram esta semana que coletaram 157.422 assinaturas em apoio ao plebiscito.

Se as autoridades certificarem que o total realmente excedeu 100.000, as regras da democracia direta suíça estipulam que um referendo deve ser realizado.

 Equivalente em dólares por habitante
dfd

Nem o governo, nem o banco central do país expressaram a intenção de abolir o dinheiro físico em breve. Mesmo assim, a iniciativa destaca o quão emocional é a questão do dinheiro físico na Suíça.

PUBLICIDADE

Cada habitante possui em média o equivalente a US$ 11.824 em dinheiro, o maior valor em todas as economias onde o Banco de Compensações Internacionais coleta dados.

O referendo, se for eventualmente realizado, representa um caso raro em que as preferências monetárias são testadas pelos eleitores nas urnas, e não simplesmente por meio de seus hábitos de consumo.

Pode muito bem atrair o interesse de autoridades do Banco Central Europeu (BCE), que atualmente estão avaliando se devem avançar em um projeto de dinheiro digital na região.

PUBLICIDADE

“Precisamos mudar a constituição para podermos manter o dinheiro como liberdade para a próxima geração”, disse Richard Koller, presidente do Swiss Freedom Movement, em entrevista.

Ele citou uma “tendência para moedas digitais” que os governos, incluindo o da Suíça, provavelmente favorecerão.

Métodos de pagamento usados ​​por porcentagem de todas as transações
dfd

A maior parte do dinheiro lá - 51 bilhões de francos suíços (US$ 55,3 bilhões) - é mantida na forma da maior cédula, no valor de 1.000 francos. Isso sugere que o dinheiro físico é usado como reserva de valor e não para pagamentos. Em contraste, a nota mais comum na zona euro é a nota de 50 euros, de acordo com dados de 2021.

O dinheiro na Suíça ainda é usado para a maioria das transações, mas esses pagamentos estão diminuindo. No final do ano passado, 29% das transações foram liquidadas com dinheiro físico, segundo o estudo Swiss Payment Monitor, abaixo dos 48% em 2019.

Em comparação, na Suécia digital, apenas 8% dos consumidores fizeram sua última compra com dinheiro, conforme o Riksbank.

Enquanto o SNB está investigando uma moeda digital para uso entre instituições financeiras, as autoridades rejeitaram repetidamente um “franco digital” para liquidar pagamentos diários.

Eles alertaram que a mudança para pagamentos sem dinheiro em todo o mundo traz riscos. O SNB vê o fornecimento e distribuição de dinheiro físico como uma de suas principais tarefas, disse o vice-presidente Martin Schlegel.

PUBLICIDADE

Se 100.000 assinaturas forem certificadas, o governo e o parlamento podem comentar a mudança proposta. Um referendo seria então realizado em dois ou três anos.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Argentina vai vigiar redes sociais de quem viaja ao exterior para fazer compras

PUBLICIDADE

China alerta sobre tensões crescentes com EUA e impõe sanções

Desaparecimento de banqueiro chinês assombra a elite empresarial do país