Em reunião com BC, analistas alertam contra aumento da meta de inflação

Economistas expressaram visão unânime de que tal medida provavelmente teria efeito contrário ao desejado por Lula e, eventualmente, levaria a mais inflação

Conselho Monetário Nacional tradicionalmente discute as metas de inflação em junho, mas pode ter essa discussão já nesta semana, durante uma reunião ordinária marcada para 16 de fevereiro
Por Maria Eloisa Capurro e Josue Leonel
13 de Fevereiro, 2023 | 07:08 PM

Bloomberg — Economistas disseram ao Banco Central que aumentar as metas de inflação agora só levantaria questões sobre o compromisso do governo com uma política fiscal e monetária sólidas, segundo sete participantes da reunião com diretores da autoridade monetária nesta segunda-feira disseram à Bloomberg News.

Os economistas expressaram uma visão unânime de que tal medida, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressiona por juros mais baixos, provavelmente sairia pela culatra e, eventualmente, levaria a mais inflação, taxas de juros mais altas e uma economia mais fraca, disseram os participantes, que pediram anonimato ao descrever detalhes de uma discussão privada.

A diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, receberam os economistas na sede do Banco Central em São Paulo, a primeira reunião presencial desde a pandemia. Também esteve presente uma representante do Ministério da Fazenda. Todos se abstiveram de fazer comentários, como de costume, disseram os participantes.

O governo está considerando uma revisão antecipada das metas de inflação, já que Lula reclama que os juros de 13,75% impossibilitam o crescimento da economia. Enquanto o presidente questiona a recém-aprovada lei de autonomia do Banco Central, a atenção dos investidores se volta para o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que ainda nesta segunda-feira (13) fará uma rara aparição no Roda Viva, da TV Cultura.

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Opção “menos pior”

Embora ninguém pense que mais tolerância à inflação levará a taxas de juros mais baixas no futuro, alguns economistas disseram que, se uma meta mais alta é inevitável, a opção menos pior seria estabelecê-la em 3,5% agora para limitar os danos de meses de incerteza, segundo um dos participantes. O Conselho Monetário Nacional tradicionalmente discute as metas de inflação em junho, mas pode ter essa discussão já nesta semana, durante uma reunião ordinária marcada para 16 de fevereiro.

Se o fizerem, uma comunicação clara será a chave para sinalizar se a meta é final ou apenas um passo intermediário em direção a objetivos ainda maiores, acrescentaram dois participantes.

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