Truxt aproveita crise da Americanas para comprar dívida do grupo com desconto

Bruno Garcia, CIO da gestora, contou em evento do Credit Suisse que apostas passadas em ativos distressed incluíram dívida argentina e de companhias aéreas na pandemia

Ao centro, Bruno Garcia (Truxt Investimentos) e Carlos Eduardo Rocha (Occam), da esquerda para a direita
02 de Fevereiro, 2023 | 10:18 AM

Bloomberg Línea — O colapso da Americanas (AMER3), em recuperação judicial, abriu oportunidades para investidores já acostumados a apostar nos “patinhos feios” do mercado. É o caso da Truxt Investimentos.

Durante evento do Credit Suisse nesta quarta-feira (1º), em São Paulo, Bruno Garcia, CIO (head de investimentos) da Truxt, disse que comprou recentemente dívida distressed da varejista a R$ 0,13. Segundo ele, é um patamar de preço interessante para “colocar um pezinho”.

“A [posição] representa uma fatia muito pequena do fundo; é uma forma de exercitar nossa capacidade de geração de alfa [acima da média de mercado]”, contou durante painel.

Não é a primeira vez que a casa aposta em ativos desacreditados pelo mercado. No ano passado, a Truxt investiu na dívida argentina a R$ 0,19 e, durante a pandemia de covid-19, em bonds de companhias aéreas que eram negociados a valores descontados – ambos se pagaram, disse Garcia.

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Carlos Eduardo Rocha, o Duda, CIO da Occam Brasil, também participou do painel. Segundo ele, o evento da Americanas foi isolado, ganhando forte destaque pelo fato de os controladores da companhia serem muito ligados ao mercado financeiro e vistos como “chancela de proteção”.

Uma visão mais pessimista com o setor de varejo, contudo, fez com que a Occam pegasse carona na queda das ações da varejista, que acumulam perdas da ordem de 80% desde 11 de janeiro.

Na ocasião, quando a Americanas divulgou fato relevante sobre as “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, a Occam tinha posição vendida (aposta na queda) em AMER3, dada a visão pessimista da casa com o setor de varejo.

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Isso porque o cenário de juros e inflação elevados tende a pesar sobre essas companhias mais sensíveis à atividade econômica, destacou.

Commodities

Durante o painel, ambos os gestores disseram estar otimistas com algumas commodities, caso do petróleo.

Com a avaliação de que papéis de valor tendem a se destacar em relação aos de crescimento, Duda tem aproveitado as oportunidades geradas pela reabertura da China para apostar no petróleo e em metais na Europa.

Com relação à Vale (VALE3), Duda afirmou que é necessário cuidado com o mercado de minério de ferro, dado que o patamar mudou, voltando a ficar acima de US$ 100.

Ele disse, contudo, que a companhia possui um trigger [gatilho] positivo: o excesso de geração de caixa. “A companhia está recomprando ações agressivamente. Agora, mais do que nunca, ‘cash is king’ e empresas queimando caixa vão ficar em apuros”, disse.

Já Garcia disse que a Truxt está comprada em ações de companhias ligadas ao petróleo, mas vendida em Vale, dada a relação entre risco e retorno.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.