Paul Krugman: moeda comum de Brasil e Argentina é uma ‘ideia terrível’

Economista ganhador do Prêmio Nobel afirma que uma moeda compartilhada entre os dois países não faz sentido por causa das características da economia de cada país

Lula e Alberto Fernández.
Por Andreina Itriago Acosta
29 de Janeiro, 2023 | 05:06 PM

Bloomberg — O economista ganhador do Prêmio Nobel, Paul Krugman, disse que a proposta de moeda comum entre Argentina e Brasil é uma “ideia terrível” inventada por alguém com uma compreensão limitada de economia, aumentando as críticas públicas ao plano que os líderes de ambos os países estão promovendo.

“Uma moeda compartilhada pode fazer sentido entre economias que são os principais parceiros comerciais umas das outras e são semelhantes o suficiente para não enfrentar grandes choques assimétricos”, disse Krugman em uma publicação no Twitter neste domingo (29).

Apesar de a Argentina e o Brasil serem vizinhos e parceiros comerciais, o Brasil envia apenas 4,2% de suas exportações para a Argentina, enquanto as exportações da Argentina para o Brasil são de 15%, disse Krugman.

Ele também destacou que as estruturas comerciais dos países são muito diferentes, com as exportações argentinas sendo basicamente todas agrícolas, e mais da metade das brasileiras sendo manufaturados ou combustíveis.

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“Portanto, choques na economia mundial provavelmente causarão grandes mudanças na taxa de câmbio real de equilíbrio”, escreveu Krugman.

O recém-eleito presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente argentino, Alberto Fernandez, anunciaram suas intenções de discutir uma “moeda comum sul-americana” em uma carta aberta publicada no último fim de semana em um jornal argentino.

A unidade seria usada “para comércio financeiro e comercial, a fim de reduzir custos operacionais e diminuir nossa vulnerabilidade externa” ao dólar, escreveram.

O anúncio ocorreu em meio a uma cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Lá, os ministros das finanças de ambos os países esclareceram que estão pensando em “meios de pagamento comuns” que não substituiriam suas próprias moedas domésticas.

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