Isenção de tributos federais nos combustíveis é prorrogada por 60 dias

Presidente Lula oficializou a primeiras medidas, que incluem ainda a retirada de estatais da lista de privatizações, manutenção do Auxílio Brasil e combate ao desmatamento

Gasolina
01 de Janeiro, 2023 | 08:19 PM

Bloomberg Línea — Em um de seus primeiros atos depois da posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou a desoneração de tributos federais sobre combustíveis por pelo menos 60 dias, neste domingo (1º), como havia antecipado mais cedo o indicado ao cargo de CEO da Petrobras, o senador Jean Paul Prates, também do PT. A desoneração federal sobre combustíveis custa cerca de R$ 50 bilhões.

O fim da isenção ocorreu no sábado (31). Caso a medida não tivesse sido oficializada hoje, o preço da gasolina subiria R$ 0,69, o do etanol, R$ 0,26, e o do diesel, R$ 0,33, segundo estimativas do mercado.

A MP (Medida Provisória), publicada nesta segunda-feira (2) e assinada por Lula e pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), mantém até o fim do ano o PIS/Pasep e a Cofins zerados sobre diesel, biodiesel e GLP (gás de cozinha), enquanto os tributos para a gasolina e para o álcool ficarão zerados até 28 de fevereiro. Também foi ampliada a zeragem da Cide até 28 de fevereiro para a gasolina, exceto para aviação.

Também foi suspensa até essa data o pagamento da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as aquisições no mercado interno e nas importações de petróleo efetuadas por refinarias para a produção de combustíveis. A desoneração de PIS/Cofins de querosene de aviação e GNV (gás natural veicular) vai até 28 de fevereiro também.

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Outra medida de natureza econômica foi determinar ao seu gabinete ministerial que encaminhe propostas para retirar do processo de desestatização empresas públicas como Petrobras (PETR4, PETR3), Correios e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), entre outras.

As primeiras determinações de Lula já eram esperadas, pois são posicionamentos que o presidente e seus auxiliares já expressavam desde a campanha eleitoral e durante os trabalhos da equipe de transição de governo.

O futuro ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já havia dito, na semana passada, que os preços dos combustíveis deveriam cair e que a diretoria da Petrobras seria montada neste mês de janeiro. O tema é importante para o governo Lula, porque o impacto prolongado de uma alta dos combustíveis nos índices de inflação pode impedir o Banco Central de antecipar o início de um ciclo de corte de juros, necessário para dinamizar a economia no primeiro ano da nova gestão.

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Devido à Lei das Estatais, o indicado ao comando da Petrobras, que participou ativamente da campanha eleitoral elaborando propostas para o setor de petróleo e gás, terá ainda de cumprir uma quarentena antes de ser empossado como novo CEO da petroleira. A expectativa é que ele assuma a função somente em março.

Auxílio Brasil

Outro decreto assinado reestabeleceu o combate ao desmatamento em biomas como a Amazônia e o Cerrado. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima terá 55 dias para apresentar uma proposta de nova regulamentação para o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

O novo chefe do Executivo federal também assinou medidas provisórias e decretos sobre temas que foram promessas de sua campanha, como o pagamento de R$ 600 para famílias inscritas no Auxílio Brasil, programa de transferência de renda, e a suspensão do registro de novas armas de uso restrito de CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) e de novos clubes de tiro.

(Atualiza no dia 2/1, às 13h, com detalhes da MP)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.