Presidente argentino recua e diz que vai acatar decisão da Suprema Corte

Alberto Fernández havia inicialmente declarado que não cumpriria ordem judicial para que governo federal devolvesse fundos para a cidade de Buenos Aires

Político de esquerda enfrenta crise econômica marcada por índices de inflação na casa de dois dígitos
Por Patrick Gillespie - Ignacio Olivera Doll
26 de Dezembro, 2022 | 05:06 PM

Bloomberg — O governo da Argentina cumprirá uma ordem da Suprema Corte que pede a devolução de recursos federais ao governo da cidade de Buenos Aires, mesmo que o presidente Alberto Fernández continue contestando o caso.

Dias depois de dizer que não cumpriria a ordem, Fernández escreveu no Twitter nesta segunda-feira (26) que honraria a decisão.

Na semana passada, o tribunal superior de justiça do país vizinho decidiu que o governo federal deve devolver os fundos que havia retirado da capital liderada pela oposição em 2020 e dado à província de Buenos Aires, que é administrada pela coalizão de Fernandez.

Imediatamente após a decisão, o presidente emitiu um comunicado atacando os juízes pelo que disse ser uma decisão política.

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“As decisões judiciais são obrigatórias mesmo quando são consideradas desvantajosas e injustas”, disse Fernandez. “Respeitando o estado de direito, buscarei reverter a má resolução do tribunal.”

O governo nacional reembolsará a cidade usando títulos locais indexados à inflação com vencimento em 2031, escreveu Fernández. Os juízes da Suprema Corte ordenaram que seu governo devolvesse alguns fundos para a cidade, mas não tanto quanto o prefeito Horacio Rodríguez Larreta desejava.

A reação inicial de Fernandez à decisão levantou a preocupação de uma crise institucional e atraiu fortes repreensões de especialistas constitucionais e oponentes políticos.

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Fernández, que estudou direito, prometeu apelar da decisão e pediu ao Congresso que comece a discutir uma legislação para regular a emissão de fundos transferidos para as províncias pelo governo nacional, conhecido como “coparticipação”.

Atualmente, cada província deposita uma parte de sua arrecadação nos fundos e é redistribuída pelo governo federal. Fernández reduziu a proporção de fundos da cidade, alegando que a capital é muito mais rica do que a província.

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