Ex-presidente argentino sobre a saída de empresários do país: ‘Expulsamos nosso Jeff Bezos’

Mauricio Macri atribuiu a saída de Marcos Galperin, do Mercado Livre, para o Uruguai pela ‘falta de incentivos para que empreendedores locais invistam na Argentina’

'Um país é feito por um grupo de líderes que entendem que os políticos não geram riqueza'
14 de Outubro, 2022 | 06:22 PM

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Montevideo — O ex-presidente argentino Mauricio Macri disse na quinta-feira (13) que regulamentações adotadas pelo governo de Alberto Fernández, com mais espaço para o kirchnerismo, fizeram empresários da tecnologia deixar a Argentina. “Expulsamos nosso Jeff Bezos para o Uruguai”, disse Macri em entrevista ao LN+, referindo-se ao fundador e CEO do Mercado Livre (MELI), o argentino Marcos Galperin, que mora no Uruguai há dois anos.

Procurado pela Bloomberg Línea, o Mercado Livre disse que não comenta o assunto.

“Um país é feito por um grupo de líderes que entendem que os políticos não geram riqueza. As pessoas geram riqueza para depois poder distribuí-la. A América é a América por causa de Bill Gates. Obama foi um bom presidente, mas Bill Gates tornou os Estados Unidos ótimos”, disse Macri.

Após essa frase, o jornalista entrevistador destacou que Galperin morava do outro lado do Rio da Prata, ao que o ex-presidente argentino respondeu com a comparação com Bezos, fundador da Amazon (AMZN).

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Macri, também ex-presidente do Boca Juniors, fez um paralelo com o futebol, destacando que os políticos são os responsáveis por cuidar do campo, “cortando a grama e colocando as redes nos gols”, mas que “o povo faz os gols”.

“Agora, se você quer pegar a bola, os gols, vira tudo uma bagunça, que foi o que aconteceu na Argentina. Somos servidores públicos”, acrescentou, em uma crítica ao kirchnerismo.

Além de Galperin, os fundadores da Globant, Martín Migoya e Guibert Englebienne, também se mudaram para o Uruguai, assim como Sebastián Serrano, da Ripio. O ex-presidente da Fiat Argentina Cristiano Rattazzi, Federico Tomasevich de Puente e Facundo Garretón, ex-deputado do PRO e fundador da InversiónOnline, fizeram o mesmo.

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Em entrevista concedida recentemente à Bloomberg Línea, Migoya disse que a “imprevisibilidade gera cenários de ansiedade entre os empresários”, respondendo a uma pergunta do porquê empresários argentinos se mudam para o Uruguai, depois que o embaixador argentino em Montevidéu, Alberto Iribarne, afirmou que as razões seriam, sobretudo, fiscais.

“Enquanto isso não for entendido e se pensar que é uma questão fiscal, estamos no maior mal-entendido que a Argentina fez na história. Não é uma questão fiscal. É uma questão de imprevisibilidade”, disse Migoya.

Macri candidato em 2023?

Sobre a política interna de seu setor na Argentina, Macri disse que acredita “na competição” e na “nova liderança”. “Olha quantos líderes o PRO tem hoje. Eu acredito nisso”, disse. Na Argentina, há especulações de que Macri voltará a concorrer à presidência em 2023, mas ainda não houve anúncio oficial a esse respeito.

Tanto o governador da cidade de Buenos Aires Horacio Rodríguez Larreta quanto a ex-ministra Patricia Bullrich também estão aparecendo como possíveis candidatos.

Macri encerrou seu governo com um índice de pobreza em torno de 35,5%, segundo o INDEC (Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina).

Segundo o jornal argentino Ámbito Financiero, o ex-presidente fechou o primeiro ano do seu governo com a pobreza a 30,3%, e em 2017 caiu para 25,7%, embora depois tenha crescido. Enquanto isso, durante seu governo, ele negociou um empréstimo de US$ 57 bilhões com o Fundo Monetário Internacional, apesar de as condições econômicas continuarem se deteriorando na Argentina.

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Gonzalo  Charquero

Jornalista uruguaio especializado em cobertura política. Gonzalo foi editor da Actualidad no El Observador e cronista no jornal El País.