A América Latina está barata? Investidores veem recuperação de títulos da região

Mercado quer aproveitar os títulos de dívida antes que uma virada do Federal Reserve e reabertura na China provoquem uma disparada

Grandes exportadores de commodities, como Brasil, Chile e Peru, devem se beneficiar do aumento da demanda da China
Por Maria Elena Vizcaino e Leda Alvim
12 de Dezembro, 2022 | 02:30 PM

Bloomberg — Os títulos da América Latina estão prontos para uma recuperação em 2023, com investidores já de olho no melhor momento para aproveitar as pechinchas antes que uma virada do Federal Reserve e reabertura na China provoquem uma disparada.

A dívida em dólar de governos e empresas latino-americanos deu aos investidores retornos de mais de 10% até agora neste trimestre, superando todas as outras regiões em um índice de mercado emergente que rendeu retorno de 7% no período. A flexibilização das restrições contra covid na China, o possível fim do ciclo de aperto do Fed e um cenário político mais calmo podem ajudar os bônus da região a brilharem ainda mais no ano que vem.

“A América Latina será uma das regiões mais favorecidas e, com isso, os créditos soberanos devem ter um bom desempenho”, disse Graham Stock, estrategista da Bluebay Asset Management em Londres, que prefere títulos baratos do Equador e da Argentina. “É provável que o crescimento na China acelere em 2023. Os altos preços das commodities e o aumento da demanda chinesa dão um suporte importante para a região.”

Grandes exportadores de commodities, como Brasil, Chile e Peru, devem se beneficiar do aumento da demanda da China, à medida que Pequim abandona o Covid Zero e apoia o setor imobiliário. A região também está menos exposta à guerra da Rússia na Ucrânia, que provavelmente continuará pesando sobre os créditos emergentes europeus.

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“Mesmo que não estejamos mais no superciclo das commodities, ainda estamos otimistas com os preços das commodities devido a restrições de oferta e expectativas de reabertura da China”, disse Jared Lou, gestor de dívida de mercados emergentes da William Blair Investment Management em Nova York.

De acordo com Lou, a dívida da América Latina será a que mais se beneficiará entre os mercados emergentes da menor volatilidade dos juros nos Estados Unidos.

O duration, uma medida da sensibilidade de títulos à flutuação nos juros, é em média de 8,1 anos na região, em comparação com 6,9 anos para o índice de dívida soberana de mercados em desenvolvimento do JPMorgan. A dívida da África tem duration médio de 5,4 anos, a da Ásia 6,7, Europa 5,3 e Oriente Médio 7,2.

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