Pedro Castillo sofre impeachment no Peru e é detido após tentativa de golpe

Parlamento peruano ignorou o anúncio da dissolução feito pelo presidente, assim como as Forças Armadas; vice-presidente Dina Boluarte assumirá a presidência

Tentativa de golpe de Estado não teve respaldo no Congresso
07 de Dezembro, 2022 | 03:57 PM

Bloomberg Línea — Com 101 votos a favor, o plenário do Congresso do Peru aprovou a destituição do presidente do Peru, Pedro Castillo, depois que o presidente peruano decidiu dissolver ilegalmente o Parlamento e convocar eleições para o Congresso temporariamente.

Após a destituição de Pedro Castillo, a vice-presidente Dina Boluarte assumirá a Presidência da República.

O presidente do Congresso peruano, José Williams, afirmou que será realizado o ato de sucessão de Dina Boluarte para assumir a presidência do Peru. Desta forma, o plenário do Congresso foi convocado às 15h (horário local) para que Boluarte tomasse posse como a primeira presidente mulher do país andino.

De acordo com meios de comunicação do Peru, Pedro Castillo foi detido pela Polícia Nacional em uma avenida no centro de Lima, capital do país, e foi levado até aa Prefeitura de Lima, onde permanece detido.

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A tentativa de autogolpe por Pedro Castillo no Peru foi condenada pela Corte Constitucional e pelo Judiciário, assim como por diversas associações empresariais que ignoraram a decisão do presidente.

Por sua vez, as Forças Armadas do Peru disseram que não aceitarão a dissolução do Congresso realizada por Pedro Castillo, considerando que é um ato contra a ordem constitucional do Peru.

A grande maioria dos parlamentares votou a favor do impeachment no país andino, onde não se via um autogolpe desde 5 de abril de 1992, quando Alberto Fujimori dissolveu o Congresso.

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A Procuradoria-Geral da República anunciou que vai denunciar criminalmente o presidente peruano ainda hoje, pela violação constitucional cometida.

Tentativa de autogolpe

Horas antes da votação do processo de impeachment no Congresso, Pedro Castillo anunciou por meio de um pronunciamento a dissolução temporária do Congresso. Ele afirmou no pronunciamento que instaurará um governo provisório e que serão convocadas novas eleições para um novo Parlamento “o mais rapidamente possível”.

Após o pronunciamento, o Judiciário e o Congresso peruano anunciaram que não obedeceriam aos anúncios do presidente. Vários congressistas qualificaram de “ditatorial” a decisão de Castillo de fechar ilegalmente o Parlamento. As Forças Armadas também não aderiram à tentativa de golpe do presidente.

Os vários parlamentares peruanos, tanto de oposição ao governo quanto de aliados, manifestaram-se contra as medidas adotadas por Pedro Castillo. Os parlamentares qualificaram de ilegal a decisão do governo de dissolver o Congresso e rejeitaram a saída do Poder Legislativo.

“Estamos diante de um golpe, legalmente o Congresso tem que continuar e realizar as sessões conforme planejado”, disse Martha Moyano, deputada da bancada Fuerza Popular.

Membros do Tribunal Constitucional do Peru chamaram a decisão do presidente Pedro Castillo de dissolver o Congresso de “golpe” e disseram que o líder não está mais no comando do país, em comentários transmitidos ao vivo pelo tribunal, segundo a Bloomberg News.

Enquanto isso, a Procuradoria-Geral da República anunciou que vai denunciar criminalmente Pedro Castillo após o autogolpe decretado em 7 de dezembro.

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Brian Nichols, secretário adjunto de Estado dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental, disse que os Estados Unidos rejeitam “categoricamente” quaisquer atos de Castillo para impedir que o Congresso cumpra seu mandato, segundo a Bloomberg News.

“Exortamos veementemente o presidente Castillo a reverter sua tentativa de fechar o Congresso e permitir que as instituições democráticas do Peru funcionem conforme descrito na constituição do Peru”, disse Nichols, o principal diplomata com foco na América Latina, em um comunicado.

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Paola Villar

Jornalista peruano especializado em economia e negócios. Foi coordenadora da secção de Economia e Negócios do jornal El Comercio. Frequentou cursos especializados em Estratégias de Marketing Digital e Gestão Estratégica de Comunicações na UPC. Tem experiência na área das comunicações para várias empresas e entidades peruanas.