O que levou o UBS BB a rebaixar as ações da Petrobras; papel cai cerca de 3%

Para o banco, a incerteza sobre mudança de direção da estatal sob o governo Lula e margens de lucro mais apertadas podem pressionar resultados

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Bloomberg Línea — O UBS BB rebaixou a recomendação para as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que agora é de venda dos ativos. Segundo o banco, a alteração ocorre em razão da expectativa de mudança na direção da empresa no próximo ano sob o governo Lula (PT). O banco afirma que três pontos o levaram a rebaixar os papéis: preço dos combustíveis, investimentos e despesas gerais da empresa estatal.

“Olhando para o passado da Petrobras, nos tornamos substancialmente mais cautelosos. Sobre os preços dos combustíveis, não há definição da nova política de preços da empresa, e esperamos margem de refino comprimida”, apontam os analistas do UBS BB.

“Também achamos que um risco importante reside em investimentos mais altos, pois, no passado, a empresa não foi capaz de diversificar a lucratividade non-core do petróleo, uma tendência que poderia retornar”, explicam os analistas em relatório. O preço-alvo estabelecido pelo UBS BB também caiu, indo de R$ 47 para R$ 22.

O UBS ainda afirma que “investimentos mais altos e uma busca por diversificação para renováveis e transição energética exigiria que a Petrobras se tornasse ‘maior’, e as despesas gerais (que haviam sido negligenciadas pelo mercado em últimos anos) tornam-se uma preocupação”, com dividendos mais baixos para os acionistas e um payout de 25%, o mínimo estabelecido por lei.

Para os analistas, apesar de a política do novo governo não ter sido definida ainda, sabe-se que o “novo acionista controlador manifestou a intenção de reduzir os preços ao consumidor, o que limitaria as margens da Petrobras” e que a maior parte do lucro da estatal fique no segmento de exploração e produção de petróleo (E&P).

Às 14h45 no horário de Brasília, as ações ordinárias caiam 2,85%, a R$ 26,25, e as preferenciais, 3,15%, a R$ 22,78, acumulando uma queda de mais de 30% desde 28 de outubro, último pregão antes do segundo turno das eleições.

“Achamos que a estratégia da empresa, principalmente em preços e alocação de capital, vai se deteriorar, o que deve alcançar as finanças da Petrobras. Também esperamos um capex mais alto e preços de combustível mais baixos, pressionando os resultados e os retornos potenciais para acionistas”, dizem os analistas.

O UBS BB iniciou a cobertura da Petrobras em 2016. Para os analistas, “há uma mudança significativa pela frente para a empresa” e a mudança pode “levar tempo e ainda é incerta”, além de que o banco identifica que o ano de 2022 foi o pico para a petrolífera.

“Vemos um potencial negativo significativo para o estoque nos próximos meses, ao qual o mercado não se ajustou. Nós acreditamos havia boa vontade nas expectativas do mercado para a Petrobras por conta da recente trajetória, o foco e o caminho traçados. No entanto, prevemos que o mercado precisará se ajustar expectativas operacionais e financeiras em relação à Petrobras para refletir as indicações do controlador sobre os rumos da empresa. Embora existam poucos concretos orientações sobre isso por enquanto, acreditamos que é hora de olhar para o passado para ver o que a Petrobras pode voltar a ser.”

Para o banco, a Petrobras é uma “fênix” que, depois renascer das cinzas, “volta para o ninho”.

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