Kavak passa por reestruturação após demissão de executivos

Unicórnio mexicano já se expandiu para vários países da América Latina e do Oriente Médio, mas enfrenta problemas de crescimento local

Empresa já havia cortado cerca de 150 funcionários em junho
04 de Novembro, 2022 | 04:27 PM

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Bloomberg Línea — A Kavak, unicórnio mexicano de compra e venda de carros usados, fez ajustes de nível executivo em seus negócios no México nesta semana, incluindo a demissão de seu gerente geral local, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

Ao contrário dos cortes de pessoal feitos pela empresa em junho, que afetaram cerca de 150 funcionários da equipe operacional no México e no Brasil, este corte, que só afeta o México, incluiu a demissão de pelo menos cinco executivos e alguns gerentes.

Entre os executivos que deixaram a empresa, de acordo com duas pessoas consultadas, estão o gerente-geral para o México, Alejandro Guerra, e Miguel Rocha, diretor de vendas, assim como Óscar Villazana, chefe de originação – departamento encarregado da primeira etapa de vendas da startup avaliada em US$ 8,7 bilhões.

Procurada pela Bloomberg Línea, a Kavak não quis dar detalhes, dizendo apenas que a empresa optou por uma reestruturação.

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Embora no mês passado a companhia tenha anunciado sua expansão em quatro países do Oriente Médio, um ex-executivo da empresa consultado pela Bloomberg Línea afirmou que é um feito ambicioso tentar crescer em outros mercados quando a empresa ainda não é lucrativa no México e enfrenta problemas com a satisfação do cliente.

De acordo com a fonte, a empresa havia calculado internamente vendas de 17 mil unidades por mês em 2022, então, no final do ano, foram contratadas muitas pessoas para processar a compra e venda desses carros. A expectativa era muito alta e, em janeiro, a empresa não vendeu mais de 3,5 mil carros, e o número ainda está nesses níveis hoje.

De acordo com esta pessoa, que fazia parte da equipe administrativa da Kavak, a empresa está em reestruturação devido à falta de crescimento no mercado local. Além disso, a startup não obteve retorno sobre os investimentos em patrocínios da seleção mexicana de futebol e da Fórmula 1. Isto não se traduziu em maiores vendas de automóveis e é por isso que as mudanças estão sendo feitas, disse a pessoa à Bloomberg Línea.

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Não alcançar as vendas planejadas, de acordo com esta pessoa, virou uma bola de neve porque armazenar os carros é muito caro, o que levou ao fechamento de 10 a 15 filiais – uma das causas das demissões de junho.

Outra pessoa que trabalhou no departamento financeiro da Kavak disse à Bloomberg Línea que desde fevereiro a empresa começou a fazer ajustes devido a expectativas de vendas mais baixas de carros e planejou comprar menos e vender mais, a fim de ter menos estoque e tentar escoá-lo o máximo possível.

Entrevistado em maio durante uma visita às instalações da Kavak, Federico Ranero, diretor de operações (COO) da Kavak, disse que a liderança da empresa é importante para a operação e para resolver o problema de satisfação do cliente que vem enfrentando.

Ranero disse à Bloomberg Línea na época que “a Kavak não é para todos. Este é um lugar muito exigente no qual não podemos comprometer o desempenho médio ou em relação ao que o mercado está fazendo porque temos que fazer inovação contínua. Isso requer exigir muito da equipe e alcançar metas cada vez mais altas”.

A Kavak levantou recentemente a maior dívida já contraída por uma startup na América Latina – foram US$ 810 milhões do HSBC, Goldman Sachs (GS) e Santander.

A linha de crédito da Kavak é maior do que a que ela levantou em sua última rodada de investimento. No ano passado, a empresa encerrou uma rodada E de US$ 700 milhões, levando-a a seu atual valuation de US$ 8,7 bilhões e posicionando-a como o unicórnio mais valioso da América Latina.

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Yanin Alfaro (BR)

Jornalista com experiência em startups e tecnologia