Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada de nota publicada originalmente às 6h04)
Indicadores macroeconômicos ainda fortes nos Estados Unidos e discursos mais duros de dirigentes do Federal Reserve (Fed). Esta combinação intensifica a prudência entre os investidores. A expectativa de juros mais altos se consolida à medida que a atividade e os preços seguem vigorosos, o que leva o investidor a se resguardar e atuar com menos apetite ao risco. Com a agenda de balanços ainda ativa, a volatilidade pode voltar à cena.
Tanto as bolsas europeias quanto os futuros de índices norte-americanos operava com perdas, assim como os contratos de petróleo e de ouro. Já o dólar se apreciava ante outras divisas e a libra recuava mais de 1%.
No mercado de títulos da dívida, o prêmio dos papéis dos EUA com vencimentos em 10 anos sustentava patamar de 4,29% - o maior yield desde 2007 - e o rendimento do título de dois anos era negociado a 4,60%. Já a taxa dos títulos do Reino Unidos com resgate daqui a 10 anos subia 10 pontos base a 3,99%.
As ações do Twitter apontavam queda de 16% antes da abertura de mercado, com informações de que o governo dos Estados Unidos avalia a possibilidade de submeter os negócios de Elon Musk a uma análise de segurança nacional, incluindo o acordo para compra da empresa de mídia social.
A queda das ações da Renault influencia o sinal negativo nas bolsas europeias. Apesar de mostrar aumento das receitas no terceiro trimestre, a montadora francesa reportou resultado alinhado com as previsões com ganho de 9,8 bilhões de euros, 21% acima do resultado visto no mesmo trimestre do ano passado. Ainda assim, os investidores avaliam que a inflação e os problemas de suprimento ainda são pontos vulneráveis para o desempenho do setor.
O mercado global de ações ainda não tocou o piso, segundo a avaliação do Bank of America, embora os investidores tenham ignorado os riscos econômicos no início desta semana e promovido um rali de alta, ainda há espaço para redução de preços nas bolsas e o sentimento de um mercado de “urso” paira nos negócios.
→ O que move os mercados hoje
👁️🗨️ Última chamada. O Federal Reserve (Fed) entrará em período de silêncio na próxima semana e hoje os investidores ficam atentos ao discurso de John Williams, do Fed de Nova York. Patrick Harker, outro dirigente do Fed, alertou ontem que as taxas de juros possivelmente estarão “bem acima” de 4% ao final deste ano. Isso impulsionou ainda mais a correção títulos de dívida de 10 anos, cujo valor está em baixa há 12 semanas. Os vencimentos mais curtos nos Estados Unidos já apontam para taxa de juros 5% no país.
Apesar das preocupações com a economia, os formuladores da política monetária norte-americana olham para os sinais de resiliência. No mercado de trabalho norte-americano, por exemplo, os pedidos de seguro-desemprego caíram para um mínimo de três semanas para 214.000 na semana encerrada em 15 de outubro, ante previsões de 233.000 para o período. No setor imobiliário, as vendas de casas usadas nos EUA caíram pelo oitavo mês consecutivo em setembro, com 1,5% a menos de contratos fechados, mas ainda ficaram dentro das previsões do mercado.
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🇬🇧 Depois de Truss. O Partido Conservador do Reino Unido pretende virar logo a página da gestão tumultuada de Liz Truss, a mais curta da história britânica, e pode definir um novo líder dentro de uma semana. A intenção é deixar ideologias de lado e buscar pragmatismo para lidar com a complicada situação da economia do país e restabelecer a confiança nos mercados financeiros. Na corrida para o posto estão Boris Johnson (de novo) e Penny Mordaunt.
🛍️ Varejo fraco. As vendas no varejo do Reino Unido caíram -1,4% em setembro, pior que a média de previsões de uma queda de -0,5% para o mês. O período de luto pela morte da rainha Elizabeth II reduziu a atividade enquanto a inflação continua alta. O volume de vendas está 10,2% abaixo do nível pré-pandemia, mostrando que o consumidor vem gastando mais para comprar menos.
💲 Crédito x Risco. Estrategistas do Goldman Sachs acreditam que os mercados de crédito precisam ponderar melhor em seus preços o risco de recessão da economia. Na visão da instituição, as taxas dos títulos estariam mostrando certa complacência, considerando o cenário econômico desafiador. Ao minimizarem a chance de recessão, entidades financeiras podem ficar expostas a eventuais calotes num cenário cada vez mais evidente de retração da economia com preços altos.
🟢 As bolsas ontem (20): Dow Jones Industrials (-0,30%), S&P 500 (-0,80%), Nasdaq Composite (-0,61%), Stoxx 600 (+0,26%), Ibovespa (+0,77%)
O mercado acionário dos EUA fechou no vermelho pelo segundo dia consecutivo depois que os funcionários do Fed reiteraram sua disposição de avançar rumo a um maior aperto monetário, alimentando o medo de uma recessão. Ao mesmo tempo, os balanços estão mostrando resultados mistos e as empresas têm usado a temporada de relatórios trimestrais para enviar sinais de alerta sobre a economia.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Balanço Orçamentário
• Europa: Zona do Euro (Confiança do Consumidor/Out)Cúpula de Líderes da UE); Reino Unido (Dívida Líquida do Setor Público/Set, Vendas no Varejo/Set, Crédito ao Consumidor/Set, Aprovações de Hipotecas/Set)
• Ásia: Hong Kong (Índice de Preços ao Consumidor/Set)
• América Latina: México (Vendas no Varejo/Ago)
• Bancos centrais: Discursam John Willians (Fed) e Johannes Beermann (Bundesbank)
• Balanços: Amex, Verizon, Renault, Biotech
📌 Para segunda-feira:
• EUA (Índice de Atividade-Fed Chicago/Set); China (PIB 3Q22, Produção Industrial/Set, Vendas no Varejo/Set, Taxa de Desemprego, Balança Comercial/Set); PMI Composto (EUA, Zona do Euro, Alemanha, França); México (IPC/Out); Balanços (Philips, Galp, Orange, Discover)
(Com informações da Bloomberg News)
