Gigante de private equity explica por que decidiu investir no Chelsea

Co-fundador do Clearlake Capital Group diz que vê o clube inglês também como uma empresa de mídia e aponta potencial de dobrar as receitas

A compra do clube foi concluída em maio pelo consórcio formado por Todd Boehly e pela Clearlake Capital, grupo americano de private equity
20 de Outubro, 2022 | 07:35 AM

Nova York — De investimentos no mercado de private equity para o mundo dos esportes. Esse foi o catalisador que deu ao Clearlake Capital Group, que se classificava como uma empresa de private equity low profile, maior visibilidade ao redor do mundo após comprar o clube inglês de futebol Chelsea FC.

“Tem sido fascinante. Nos últimos 24 meses provavelmente fizemos uns seis ou sete negócios com valor de mercado maior do que o do Chelsea, mas a maior parte das pessoas nem sabem dos outros. Com certeza aumentou nossa visibilidade na Europa, no Oriente Médio, na Ásia e até nos Estados Unidos”, disse José E. Feliciano, co-fundador do Clearlake Capital Group, no evento Bloomberg Invest em Nova York na semana passada.

Feliciano, que é americano, compartilhou sua estratégia de investimento com o time inglês e destacou que, além dos tradicionais acionistas, passou a contar com fãs e torcedores ao redor do mundo que “têm diversas opiniões sobre o negócio”.

Segundo ele, o negócio do Chelsea tem potencial de dobrar a receita, dado que o clube é uma das “maiores empresas de mídia e de esportes do mundo”.

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Com sede na Califórnia, o Clearlake Capital Group tem mais de US$ 70 bilhões em ativos sob gestão e atuação, além de private equity, em crédito e estratégias relacionadas.

“Temos primeiro que fechar os olhos e esquecer que [o negócio] é o Chelsea FC; pensar que foi uma situação incomum, na qual o governo do Reino Unido forçou a venda do ativo”, contou.

O clube inglês pertencia ao oligarca russo Roman Abramovich, que está na mira de sanções do governo britânico por causa das suas ligações com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Abramovich decidiu vender o clube assim que as tropas russas invadiram a Ucrânia, no fim de fevereiro.

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O Chelsea é um dos mais conhecidos e vitoriosos times do futebol mundial das últimas duas décadas. Foi cinco vezes campeão da Premier League, equivalente ao campeonato nacional inglês, duas vezes vencedor da Champions League, o torneio de clubes mais rico do mundo, e uma vez campeão do mundo da FIFA.

“Tínhamos uma oportunidade muito interessante de comprar um negócio em uma situação muito incomum, na qual a maior parte do mercado não conseguia acessar. Em cima disso, fizemos uma parceria com Todd Boehly, que tem longo histórico com outros times”, contou o investidor.

Todd Boehly é um empresário americano e acionista de franquias de times esportivos como o Los Angeles Lakers, da NBA (liga de basquete), e o Los Angeles Dodgers, da MLB (liga de beisebol).

“De forma geral, tínhamos um ótimo sócio e uma oportunidade muito interessante a um preço atrativo. A Premier League é uma das ligas com upside mais significativo, então ficamos muito animados.”

A compra do clube foi feita pelo consórcio formado por Todd Boehly e o Clearlake Capital. As negociações, concluídas em maio, levaram a um acordo de 4,25 bilhões de libras, o equivalente a cerca de US$ 5,3 bilhões na época.

“É [um negócio] único. Podemos assistir toda semana [aos jogos] e ter um feeling do quão bom ou ruim estamos; não precisamos esperar até o fim do mês para receber um relatório do CEO e do CFO. Podemos ver na TV”,

José E. Feliciano, co-fundador da Clearlake

Durante o painel, Feliciano destacou o foco no longo prazo, buscando destravar valor do negócio, bem como os “ativos escondidos”, como o time feminino Chelsea F.C. Women.

“É um dos três melhores times de futebol feminino do mundo, mas um negócio que está completamente subvalorizado e sem motivos para isso. Não vejo por que o ativo não poderia gerar alguns milhares de dólares em receita”, disse.

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Foco na resiliência

Dado o contexto macro de maior incerteza, Feliciano contou que tem buscado oportunidades de negócio mais resilientes.

Ele disse que tem aproveitado oportunidades, mas com um sinal amarelo, apostando nos setores em que possui mais conhecimento e confiança, como o industrial, o de tecnologia e o de consumo.

Na indústria, o foco recai sobre empresas que dominam seus nichos e têm poder de precificação. Em consumo, destacou o investimento no setor de alimentos para pets, com demanda resiliente principalmente depois da pandemia, quando houve um aumento de animais de estimação nas residências.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.