Bernanke, ex-Fed, ganha Nobel de Economia por estudos sobre crise financeira

Prêmio reconheceu também Douglas Diamond e Philip Dybvig pela melhora da compreensão do papel dos bancos durante as crises

Estudos analisaram a Grande Depressão e como as corridas aos bancos colaboraram para que a crise se estendesse tanto
Por Ott Ummelas - Niclas Rolander
10 de Outubro, 2022 | 11:31 AM

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Bloomberg — Ben S. Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve, e outros dois pesquisadores dos Estados Unidos ganharam o Prêmio Nobel de Economia de 2022 por seus estudos sobre bancos e sua relação com as crises financeiras.

Douglas Diamond, Philip Dybvig e o ex-presidente do Fed entre 2006 e 2014 dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 885.000), de acordo com um anúncio da Academia Real das Ciências da Suécia em Estocolmo nesta segunda-feira (10).

“Os laureados forneceram uma base para nossa compreensão moderna sobre por que os bancos são necessários, por que são vulneráveis e o que fazer a respeito”, disse John Hassler, professor de Economia e membro do comitê do prêmio, a repórteres em Estocolmo.

“No trabalho dos laureados, mostra-se que o seguro depósito é uma forma de contornar a dinâmica por trás dos bancos. Com ele, não há necessidade de correr para o banco.”

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Diamond e Dybvig foram reconhecidos por suas pesquisas que identificaram a vulnerabilidade dos bancos aos rumores de colapso, e como os governos podem evitar isso. Já os estudos de Bernanke analisaram a Grande Depressão de 1929 e como as corridas bancárias colaboraram para que a crise se estendesse tanto, por muitos anos.

“Antes do estudo de Bernanke, a percepção geral era a de que a crise bancária era uma consequência de uma economia em declínio, e não uma causa dela”, disse o comitê.

“Bernanke estabeleceu que os colapsos dos bancos foram decisivos para que a recessão se transformasse em depressão profunda e prolongada. Demonstrou que a economia não começou a se recuperar até que o estado finalmente implementasse medidas poderosas para evitar pânicos bancários adicionais.”

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O ex-presidente do Fed, que foi pioneiro no uso de políticas monetárias não convencionais no combate aos efeitos da crise financeira de 2008, em particular na implantação de compras de ativos em grande escala, está agora na Brookings Institution, em Washington.

Diamond trabalha na Universidade de Chicago, enquanto Dybvig faz parte da Universidade de Washington em St. Louis, no estado do Missouri.

Diamond disse a jornalistas por telefone que, como acontece com a maioria dos vencedores, a notícia o pegou de surpresa enquanto dormia. Ele explicou o que seus estudos abordaram as turbulências financeiras - e como evitá-las.

As crises acontecem “quando as pessoas começam a perder a fé na estabilidade do sistema”, disse ele. “O melhor conselho é estar preparado para garantir que sua parte do setor bancário seja percebida como saudável e assim permaneça, e responda de maneira comedida e transparente às mudanças na política monetária.”

Ele acrescentou que o mundo está “certamente muito mais preparado” para qualquer nova crise do que em 2008. “Desde então, tanto as memórias recentes dessa crise quanto as melhorias nas políticas regulatórias em todo o mundo deixaram o sistema muito menos vulnerável.”

O prêmio de Ciências Econômicas foi estabelecido pelo Banco Central da Suécia em 1968, acrescentando outra categoria às já existentes, em Física, Química, Medicina, Paz e Literatura, estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, que foi inventor da dinamite e que morreu em 1896. O prêmio é formalmente conhecido como Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel.

Mais uma vez, todos os vencedores do prêmio de economia eram do sexo masculino. O prêmio foi concedido a mulheres apenas duas vezes, enquanto 87 homens já foram homenageados.

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