Fator eleições ou Opep? Ação da Petrobras perde o ímpeto após disparar 10%

Confirmação de um segundo turno contribuiu para a disparada das ações da estatal no começo desta segunda-feira (3), um dia depois das eleições

Petrobras
Por Peter Millard
03 de Outubro, 2022 | 04:11 PM

Bloomberg — O aumento dos preços do petróleo pode ser uma notícia desfavorável para o presidente Jair Bolsonaro (PL). O atual presidente e candidato a reeleição superou as expectativas no domingo (2) ao terminar o primeiro turno das eleições presidenciais apenas cinco pontos percentuais atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), depois que a queda nos preços dos combustíveis deram um alívio na inflação nos últimos meses.

Agora, antes do segundo turno, os preços do petróleo registraram a maior alta desde julho, depois que a Opep e seus aliados consideraram um corte de produção de mais de 1 milhão de barris por dia. Os preços nas bombas dos postos de gasolina têm impacto imediato na opinião pública, e embora os aumentos nos preços do petróleo estejam elevando as ações da estatal Petrobras (PETR3;PETR4), eles afetam diretamente os motoristas brasileiros.

Petrobras pode estar sob pressão para baixar os preços dos combustíveisdfd

A Petrobras não repassa imediatamente os aumentos de preços aos consumidores, mas os prováveis cortes de produção da Opep significam que é improvável que Bolsonaro veja mais quedas nos custos da gasolina e do diesel daqui pra frente, justamente durante a reta final de sua campanha, e enquanto Lula continuará a atacá-lo por seguir os preços baseados no mercado.

As ações da estatal dispararam no começo das negociações desta segunda-feira (3), um dia depois das eleições, movimento que já era apontado por alguns analistas, na esteira da valorização dos ativos brasileiros por conta do desempenho acima do esperado de Bolsonaro nas urnas. Ele é visto como um candidato cujas propostas econômicas tendem a favorecer a economia e as empresas, assim como as privatizações.

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Por volta das 15h30, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras subiam, mas não com o mesmo fôlego da manhã, respectivamente com alta de 7,19% e 6,95%.

Outro fator para isso é que o novo Congresso mais à direita forçaria uma moderação de um eventual governo Lula. O candidato petista tem defendido durante toda a sua campanha de que é contrário à política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional.

-- Com colaboração de Melina Flynn

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