Bloomberg — A cidade de Nova York planeja vender cerca de US$ 1,4 bilhão em dívidas no próximo mês, em parte para lidar com sua crescente crise imobiliária. O acordo inclui US$ 400 milhões em dívida tributável que será a primeira emissão de títulos da cidade explicitamente destinada a resolver questões sociais.
Os rendimentos desses títulos sociais devem financiar mais de 3.000 unidades de habitação a preços acessíveis, de acordo com um comunicado do gabinete do prefeito Eric Adams. Os US$ 950 milhões restantes serão vendidos como dívida isenta de impostos e serão usados para fins gerais de capital.
A cidade, como muitos outros emissores no mercado de títulos municipais cujo tamanho é estimado em US$ 4 trilhões, espera aproveitar o crescente apetite dos investidores por títulos ambientais, sociais e de governança - ou ESG.
Investidores abocanharam US$ 50 bilhões em dívida ESG municipal em 2021, um aumento de 79% em relação ao ano anterior, segundo o comunicado. Impulsionado pelas vendas de títulos habitacionais a preços acessíveis, o setor já está acima do ritmo do ano passado, quando bateu recorde.
“Essa venda inovadora dos primeiros títulos sociais da cidade garantirá que estamos aproveitando uma fonte crescente de demanda de investidores para promover uma cidade mais forte e resiliente”, disse o prefeito Adams.
A proposta de venda de títulos ocorre em um momento precário para a cidade, que enfrenta as consequências da construção insuficiente de moradias.
Entre 2011 e 2020, a cidade de Nova York produziu apenas 27 novas unidades habitacionais para cada 1.000 habitantes, abaixo da média nacional de 34. E a New York City Housing Authority atualmente tem US$ 40 bilhões em necessidades de capital, de acordo com o projeto habitacional de Adams.
Os rendimentos dos títulos sociais financiarão uma série de projetos em desenvolvimento por meio de programas executados por uma agência diferente, o Departamento de Preservação e Desenvolvimento Habitacional da Cidade de Nova York. Mais de 80% do dinheiro é para projetos do programa Extremamente Baixa e Baixa Renda, que financia a construção de aluguéis multifamiliares de baixa renda.
Além disso, cerca de 70% das unidades serão designadas para residentes que ganham abaixo de um certo limite de renda: 60% ou menos do que a renda média da área, que é de cerca de US$ 72.000 para uma família de três pessoas, disse o comunicado. Mais de 900 das unidades serão para indivíduos e famílias que anteriormente viviam como sem-teto.
A parte tributável do negócio está programada para ser precificada em 4 de outubro, por meio de venda negociada liderada por Citigroup e Morgan Stanley como coordenadores. A parte isenta de impostos é liderada pelo Citi e deve ser precificada no mesmo dia, de acordo com documentos do roadshow.
Outras cidades também fizeram movimentos semelhantes. Em agosto, a diretora financeira de Chicago, Jennie Bennett, disse que a cidade planeja vender seus primeiros títulos municipais rotulados como ESG no outono.
A cidade venderá entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões em dívidas, com recursos destinados a projetos ambiental e socialmente benéficos como parte do Plano de Recuperação de Chicago, uma iniciativa de desenvolvimento econômico de US$ 1,2 bilhão que usa ajuda federal junto com empréstimos municipais.
Embora a venda de títulos sociais, ou quaisquer títulos ESG, ajude os emissores a alcançar uma base mais ampla de investidores em potencial, o mercado municipal ainda não viu evidências de uma vantagem de preço para essa dívida, disse Ruth Ducret, analista sênior de pesquisa da Breckinridge Capital Advisors.
Ainda assim, “é um fruto muito fácil fazer isso”, disse ela.
- Com a ajuda de Mackenzie Hawkins
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