Copom mantém Selic em 13,75% e pausa ciclo de aperto iniciado em 2021

Decisão do Banco Central vem na sequência de alívio na pressão sobre preços, em parte por causa de redução temporária de impostos

Operadores reduziram as apostas em juro estável neste Copom e no início dos cortes no 1º trimestre de 2023
21 de Setembro, 2022 | 06:35 PM

Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa de juros em 13,75% ao ano e encerrar o ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2021, como era esperado pela maior parte do mercado. Em seu último encontro antes do primeiro turno das eleições, a autoridade divulgou o comunicado nesta quarta-feira (21), em um cenário de relativa queda da pressão sobre os preços.

Segundo o comunicado, “o Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”.

“O Comitê avalia que a conjuntura, ainda particularmente incerta e volátil, requer serenidade na avaliação dos riscos”.

Sobre as próximas reuniões, o Copom reforçou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

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A taxa havia sido elevada por 12 reuniões seguidas, passando de 2% ao ano para 13,75%.

Entre os riscos de alta da pressão dos preços, o Copom destaca “a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada”. O comunicado também reforçou os motivos de baixa já antecipados pelo mercado, como cortes de impostos.

A decisão do comitê não foi unânime, com sete membros, incluindo o presidente, Roberto Campos Neto, votando pela manutenção, enquanto dois defendiam o aumento de 0,25 ponto percentual.

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Dentro das expectativas

A queda da inflação, favorecida por cortes de impostos sobre os preços dos combustíveis, e o recuo das commodities no exterior reforçaram as expectativas de pausa no aperto monetário nos últimos dias.

Por outro lado, a resiliência da atividade econômica e a pressão mostrada pelos núcleos de inflação e pelo preços do setor de serviços, em meio ao ambiente de alta dos juros externos e as incertezas fiscais domésticas para 2023, endossava análises mais conservadoras de alta das taxas.

Traders haviam reduzido as apostas na estabilidade do juro neste Copom e no início dos cortes no primeiro trimestre de 2023 em razão da mensagem mais recente do Banco Central.

Campos Neto, disse no início do mês que continuava válida a mensagem de que o comitê avaliaria a necessidade de nova uma alta em setembro. Segundo ele, a autoridade não pensava, naquele momento, em queda dos juros como estava esperando o mercado.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.